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Hematologista Clínico com paixão por Propedêutica e pela Filosofia - Consultório: * Tel. 21 38160545 / 21 988389220

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Entendendo Linfomas

Linfoma é classificado como cancer, sendo a quinta neoplasia mais frequente nos EUA. Claro que este numero comporta todos os subtipos desta doença.
Os Linfomas são uma neoplasia do sistema imunológico e o entendimento de sua biologia é bastante complexo, principalmente quando levamos em consideração que até hoje, a despeito de todo o avanço em biociências, só conhecemos parcialmente a fiisiologia do sistema imunológico...

A própria classificação da doença vem sendo aperfeiçoada ha mais de 60 anos!!!!! Dentre as classificações existentes, a grande maioria "organiza" a doença em Linfoma de Hodgkin ( 5 subtipos ) e Linfoma não-Hodgkin ( mais de 45 subtipos ). Nas classificações são levados em conta características celulares de forma, comportamento, genética e resposta imune, além do comportamento clínico da doença, ou seja, como o paciente se apresenta.

Bom, você deve estar se perguntando qual a importância de classificar e identificar tão pormenorizadamente uma doeça. Eu respondo: -O melhor tratamento...
Radioterapia, quimioterapia ( com uma ou múltiplas droas ), imunoterapia, radio-imunoterapia e até a cirurgia podem ser utilizados... o arsenal terapêutico é vasto, podendo comportar inúmeras associações, que poderão ser individualizadas. Ou seja, uma diferenciação mais refinada de doença poderá oferecer uma modalidade mais precisa de tratamento.

A incidência dos Linfomas vem aumentando por motivos ainda pouco claros e isto já justifica todo o esforço para o melhor entendimento da doença.

O sucesso em novas modalidades terapêuticas e consequentemente do prognóstico da doença se deve, em grande parte, a multidisplinaridade das equipes envolvidas. O hematologista/oncologista, hematopatologista, radioterapeuta, infectologista, radiologista, hemoterapeuta, transplantólogo, etc, formam uma cadeia interligada de informações e conhecimento que estarão diretamente envolvidas na busca da melhor abordágem.

Receber um diagnóstico de Linfoma pode ser uma das notícias mais avassaladoras... A sensação de irrealidade e o trauma gerado a partir do momento do diagnóstico permanecem durante o tratamento e muito tempo após o seu término. A angústia e o medo de um retorno da doença se mantêm presentes por toda a vida... seja de forma consciênte ou no profundo das emoções escondidas. Cabendo a nós médicos oferecer o melhor alicerce de conhecimento e informação possível, tentando reduzir ao máximo o impacto emocional, oferecendo a certeza de que estamos diante de uma doença que conhecemos muitos pontos fracos e que somos capazes de vencer a maioria das batalhas.


Como disse Tagore em Pássaros Errantes, "O caminhar está em levantar o pé, como em pousá-lo no chão"

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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Bloodless Surgery



Cirurgia sem Sangue:

Uma realidade a ser praticada!


Divulgue essa ideia...

sábado, 6 de outubro de 2012

Filho Meu - A Oração


Filho meu que estais na Terra,

Apesar da santidade de meu nome, Eu deixo que tu fales comigo e Eu te escuto... Conheço teu nome e o pronuncio bendizendo-o porque te amo e te aceito.

Te apresento o Meu Reino, no qual tu és meu filho, e tu nunca estarás só porque Eu serei em ti, assim como tu serás em mim.

Que se faça a minha vontade nos Céus assim como na Terra, porque minha vontade é que tu sejas feliz.


Terás o pão para hoje, não te preocupes, porém lembra-te que não é apenas teu, e te peço que sempre o compartilhes…

Desculpo todas tuas dívidas e ofensas, e mais, Eu as perdôo... pois mesmo antes que às cometas, e eu já sei o que tu farás... Só peço que, da mesma forma, perdôes aos teus devedores... e também a ti...

Sei que terás tentações e te ajudarei a enfrenta-las, para que tu não caias.
Filho, confia sempre em mím... pois te darei o livramento e a força para que te apartes do mal…

Meu reino, poder e glória são eternos, assim como minhas bençãos e meu amor por ti...

Que assim seja!




Publicado por DraftCraft app

sábado, 29 de setembro de 2012

Sobre Sentidos - O sobe e desce do olhar



Um laboratório de pesquisas nos Estados Unidos selecionou um grupo de voluntários e os fez usar óculos inversores, ou seja, óculos com um jogo de lentes que transmitiam uma imagem invertida, no sentido longitudinal.

No início tudo ficou confuso, pois as imagens de fato apareciam invertidas ( verdadeiramente de "cabeça para baixo" ) causando náuseas, dificuldade de coordenação motora e até alguma confusão mental...

Depois de algum tempo - em torno de 03 dias - o grupo, apesar do uso dos óculos, começou
a ver as coisas de "cabeça para cima", como de fato elas são em nossa visão normal. Houve uma adaptação tão perfeita da, dita, nova realidade que alguns chegaram até a pilotar aviões!!!!!!! ( será ? )

De fato, adaptando-se a essa situação anormal, o cérebro reorganizou as imagens da visão, não só quando o grupo de voluntários começou a usar os óculos inversores, mas também quando deixou de usá-los... ou seja, quando o grupo de voluntários retirou os óculos, tudo ficou novamente de "cabeça para baixo"...
A visão que antes era normal ficou outra vez invertida, e os voluntários tiveram de passar, novamente, pela experiência de readaptação, a fim de ver de corretamente ( e sem óculos ) outra vez...

Pois bem... Onde quero chegar...

O cérebro, foco e fonte de nossa razão e de nosso racional... é onde traçamos condutas, modos, modelos e esteriotipamos nosso olhar... É um poderoso órgão... Centro regulador de nosso pensar e agir...
Tão poderoso, tão fantástico... mas falho em discernir o básico: Cima / Baixo ... e confunde o sentido do Lá e do Cá...
Um simples jogo de lentes, confunde e até perverte nossa visão, e continua pervertendo mesmo quando o jogo de ótica não está mais lá!!!

Somos dependentes de nosso cérebro... racionalizamos muito e sempre... Creditamos um poder quase sobrenatural à essa parte do corpo... e as vezes ela se engana, falha e erra!!!

Não quero e não vou permitir que meu cérebro leve o crédito por todas as minhas decisões e atitudes ... pois ele se "confunde" muito facilmente, até com um jogo de lentes... e pior, mesmo quando as lentes não estão mais lá... ele continua bagunçado!!!


Vou seguir meu caminho não só pelo falível e racional cérebro... mas também vou seguir meu coração, meus sentimentos, minha percepção metafísica das coisas... que com certeteza são tão confiáveis quanto o cérebro e muito menos sensíveis aos óculos...

O cérebro, tão poderoso... é, na verdade, tão ingênuo que facilmente se confunde...
O coração, tão frágil e sentimental... Raramente se engana!
... e tudo isso... graças ao Bom Deus, é perfeito mesmo assim!







Em Tempo: Este texto foi extraído de uma carta que escrevi ha algum tempo... e que até hoje me vira a cabeça...

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Um Sonho...

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“Sonhei que você sonhava comigo. Parece simples, mas me deixa inquieto. Cá entre nós, é um tanto atrevido supor a mim mesmo capaz de atravessar — mentalmente, dormindo ou acordado — todo esse espaço que nos separa e, de alguma forma que não compreendo, penetrar nessa região onde acontecem os seus sonhos para criar alguma situação onde, no fundo da sua mente, eu passasse a ter alguma espécie de existência. Não, não me atrevo. Então fico ainda mais confuso, porque também não sei se tudo isso não teria sido nem sonho, nem imaginação ou delírio, mas outra viagem chamada desejo.”

- Caio Fernando Abreu.





Houve uma época em que andar com livros de Gabriel Garcia Marquez debaixo do braço e recitar versos de Pablo Neruda era fazer parte da vanguarda intelectual do início dos anos 80... 
Continuo completamente apaixonado por Garcia Marquez e sei muitos poemas de Neruda de cor... 

Era a revolução cultural Latino-Americana! 

Vivi como "adolescente intelectual" nessa época... Tivesse 10 ou 15 anos a mais, seguramente teria entrado nas fileiras da luta armada contra as injustiças sociais, vividas, vistas, presenciadas em minhas andanças como nordestino...
Minha verve revolucionária ainda não se esvaiu de meu sangue latino... Dou e continuarei dando muito de mim por sonhos... Qual guerrilheiro: pueril, infante...  enquanto a anemia da morte não me atingir...

Confesso que nunca gostei das músicas de Mercedes Sosa, mas tenho bem guardado meus CDs do argentino Piero e da "Nueva Trova Cubana" e por vezes relembro, com doce nostalgia de Sylvio Rodriguez e canto com meus botões: -Mi Unicornio Azul Ayer Se Me Perdio... - quando inevitavelmente choro...

O importante é manter o sonho revolucionário vivo e a eterna disposição para dar o próprio sangue... Independente de onde esteja a revolução, ou mesmo se existe alguma...  
Independente de onde esteja o sonho... mesmo que Borges e Garcia Marquez já tivessem escrito as palavras de Caio Fernando Abreu (- que abrem essa postagem -) muito tempo antes... 
O importante é que o meu sonho pode ser sonhado no sonho de outro... 
Mesmo que para isso os sonhos subam as serras e paguem pedágios na BR Pres. Dutra... 
-Pedágios? -É, pedágios, sim... e dai? Também sei que não existem unicórnios... 






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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

(Roubado) -Em meu aniversário... Assuero Silva



Hoje é aniversário do Lucas de nossa vida. O médico mais amado. Meu amigo e parceiro em alguns trabalhos já realizados como seminários e debates – Dr. Assuero Silva.
Lá estivemos em um encontro que poderia dar-se em um congresso de medicina, hospital ou coisa parecida dado aos inúmeros representantes da área de saúde. Alguns poucos mortais, doentes ou não no momento, entregaram ali seu respeito e admiração pela cativante personalidade do nosso aniversariante.
Presentes foram poucos, presenças foram muitas. Aprecia canetas e motos, gostos raros e caros mas o mais importante não faltou. Respeito, admiração, abraços.

Todos sabemos que médicos brincam um pouco de deus. É verdade. Penso isso mas logo percebo que se eles pensam que o fazem só porque dão umas ordens aqui e ali que nem são sempre seguidas.

Deus, deus mesmo é quem tem filhos pequenos. Digo isso e explico. As metáforas cristãs de que Deus é o pai e nós os filhos se elucida. Os filhos suplicam. Os pais decidem. Mudam de casa. Mudam os filhos de escola. Decidem as férias. Fazem o diabo. E os pequenos seres podem apenas protestar ou agradecer a deus a sorte que lhes é imposta.
“ – Você não vai para a casa da Paulinha hoje.”
“ – Mas por quê?”
...os pobres pedem, suplicam por uma explicação mais lógica mas os desígnios do pai não são os dos filhos. Sempre resta a eles a possibilidade de entrar com o recurso para com o outro pai ou mãe correndo o risco do famoso círculo da responsabilidade empurrada. No entanto, a fase de filhos pequenos é a fase do ciclo vital com maior risco e incidência de separação. Seja porque o filho já fora encomendado na falência do casamento onde a própria relação homem-mulher já estava abalada. Ora porque os conflitos e mudanças impostas pelos traumas do nascimento e crescimento das crianças seja demais para estrutura em questão. O fato é que percebemos o crescimento do fenômeno que mais nos interessa na modernidade – a família monoparental. A Produção independente, mães solteiras, guardas compartilhadas e número crescente de divórcios geram famílias onde a responsabilidade de criação do filho pesa somente sobre um dos pais. O que tem tornado tudo mais complicado para pais e crianças.

Enquanto cresce a complexidade só o que peço ao único e verdadeiro Deus é que me dê sabedoria do alto nesta missão e que “mesmo sendo maus, consigamos dar boas dádivas aos nossos filhos” – disse Jesus.
É o mais poderoso tipo de amor que conheço... e que um dia nosso amigo possa se ver diante desta responsabilidade divina.

Rio de Janeiro, 26 de Fevereiro
Postado por Liliane Cunha



sábado, 21 de julho de 2012

Prescrição Médica - Para Um Médico





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Se me fosse permitido prescrever algo para os novos médicos, prescreveria a atenção às questões da política e da sociedade... com profunda atenção às questões do poder e sua ingerência na saúde pública.

Prescreveria a leitura... -Leiam poesia e medicina com a mesma paixão!


Prescreveria aos recém formados para que, sem medo, atravessem as fronteiras do conhecimento e jamais deixem de cogitar outras maneiras de pensar, de agir e de compreender a vida...


Prescreveria a atenção às ciências, todas as ciências... e o prazer em buscar, ensinar e dividir vivências e sapiências...


Prescreveria a vigilância ao caráter humanista, da arte que exercemos, frente ao assédio da indústria e dos ganhos intermediados por uma ética questionável...


Finalmente prescreveria zelo ao exercer a arte de cuidar... 
...mas sobretudo prescreveria o amor ao próximo, como a mais valiosa letra no sacerdócio de aliviar a dor e produzir o bem...










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sábado, 14 de julho de 2012

Sobre o Morrer


 



Em diversas culturas, das mais simples até as mais complexas, a morte é ritualizada. O cerimonial inclui a reunião da família e amigos em torno do doente. Pode até acontecer do doente não morrer. Mas uma vez anunciada a doença segue-se uma peregrinação de parentes para a casa ( e de forma contemporânea para o hospital ) do "pré-morto". Alguns, os que moram mais distantes, mudam-se para a residência do enfermo e assumem as tarefas cotidianas. Deixando à família nuclear o cuidado de "velar o doente". Vai-se morrendo aos poucos e vai-se anunciando a morte. Se não morrer, ao menos valeu o ensaio...
 
Muitos defensores da Eutanásia costumam recorrer a esse modelo antropológico para justificar/qualificar a morte ritualizada, a morte assistida e a morte prenunciada como "boa morte". João Cabral de Melo Neto, com alma de poeta, já nos demonstra que o sentimento de morte, porém, é sempre igual. Boa ou ruim, é sempre "morte severina"



...morremos de morte igual mesma morte severina: que é morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia - de fraqueza e de doença é que a morte severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida...



 
Mas esta visão diante da morte não é tão romântica. E foi o próprio romantismo quem mais dramatizou a morte. Há alguns Salmos (30, 31e 32), textos poéticos que são  fruto de uma cultura tribal, judaica - parte importante de nossa herança cristã ocidental - que demonstram que mesmo a morte ritualizada não é tão tranquila assim...
 
Em um dos salmos bíblicos, o autor exclama: "tu me curaste...fizeste subir a minha alma da região dos mortos, conservaste-me a vida, dentre os que descem à cova". Em outro, lemos:"sou como um vaso quebrado, esquecido como um morto de quem hão há memória". 
 
A luta entre a vida e a morte - e o mais importante a busca da superação da morte, sintetizada na Vida Eterna, fazem parte do imaginário judaico-cristão-ocidental.
 
Se queremos traduzir isto de uma maneira filosófica, o empirismo e até mesmo o pragmatismo, também são respostas humanas diante da morte.

Uma anedota extraída do humor judaico já demonstra um patriarca olhando a família em sua volta e perguntando, à beira da morte: "-Quem está no loja? ". Mais do que engraçado, traduz uma filosofia de vida de quem nega a morte, dia-a-dia, optando pelo movimento do capitalismo e pelo ritual do cotidiano...
 
Na Bíblia, o Livro de Jó também demonstra que a ritualização da morte não a torna mais palatável para o doente. Isso é importante para que nós possamos entender a razão pela qual no germe do Ocidente há uma postura diferente do "Oriente"... Nós, ocidentais e culturizados, não aceitamos com largueza a idéia de que alguém simplesmente possa desligar a consciência e abandonar a vida, rejeitando o casulo material e carnal no qual um ser espiritual estaria aprisionado. No fundo, lutamos contra a morte e pela vida, suspiro a suspiro, célula por célula, átomo por átomo e até espiritualmente...

René Descartes disse que a unidade de tudo estava na razão separada da matéria...
Comparava o corpo humano ( e o viver ) a uma máquina, e o doente era como um
relógio defeituoso... O homem passou a ser dois: Corpo e Alma... O que
era interessante tanto para a Igreja, como para Ciência. Descartes também
trouxe a concepção do conhecimento das partes, para entender o "todo".

Pois bem Senhores, parece que evoluímos muito, a partir dessa visão cartesiana da
medicina e do viver... sem contudo encarar o morrer com a mesma tranquilidade...

Michel Foucault soube detalhar, de forma primorosa, a vida e o indissolúvel que é o ser SER HUMANO... Apresentando um colorido distinto sobre a morte... trocando o "império do olhar" pela "arte de ver"... Sendo assim, vivenciar a morte é que permite a valorização de nossa existência, de nossa vida.

A morte não pode ser um pensamento sobre o porvir... ao contrário... o pensamento sobre a morte é um meio para realizar o grande circuito da memorização pelo qual totalizaremos toda a nossa vida e a faremos aparecer como ela é...

Para isso é necessário ao homem retornar, através da memória, ao passado e perceber o que ele construiu até então. Observar o que há de positivo ou negativo, e se for oportuno, reconstruir, perdoar, criar... Sendo assim, desde a vida ele poderá construir uma memória de qualidade, virtuosa, que o ensinará a morrer e que garantirá a verdadeira sobrevivência à morte.

domingo, 24 de junho de 2012

A Medicina Não Examinada Não Merece Ser Exercida







A Medicina será completa quando interligar o estudo científico do homem e seus valores humanos... A Medicina será completa ao oferecer um campo para a resolução entre abstrato e o concreto, entre as ciências e toda a humanidade... a procura do conhecimento e a procura do bem-estar...

Dr. Assuero Silva - Por uma Medicina Sustentável - Rio + 20, 21/06/12











O ser humano é biologicamente frágil... Apesar da complexidade de seu funcionamento e da constante evolução científica afim da preservação da espécie, bastam, por exemplo 3 a 5 minutos com supressão de oxigênio que iniciaremos lesões cerebrais possivelmente irreversíveis, basta o contato com alguns vírus mais "virulentos", que comprometeríamos milhares de vidas em poucos dias. Bastam exposições demasiadas ao frio, ao calor, a seca ou a umidade excessiva. Não bastasse tudo isso, sofremos pela inanição ou pelo contrário, pelo excesso de comida... Ou seja: Somos fragilmente "embalados" apesar de maravilhosamente construídos...

Entretanto, a capacidade da medicina moderna é tão impressionante e penetrante que todos nós médicos somos impactados pela maneira que construímos a medicina e justificamos suas finalidades e seus propósitos, por vezes perdendo o tênue limite entre ser o salvador ou o algóz do que definimos cuidar.

Cabe a medicina e seus executores o papel de entender os mecanismos existentes no processo das morbidades e seu alívio ou cura. Cabe ao médico evitar a extinção do ser humano, aliviar suas angústias, ou dores e colaborar nas medidas preventivas. Quando me deparo com um jovem médico ( por vezes um ex-aluno ou um ex-tutorado ) que não exerce estes princípios básicos e usa sua carreira para ascensão social ou política ou ainda que utiliza de seu sua influência médica para em benefício próprio angariar fundos com práticas médicas contestáveis e não científicas, eu me sinto traído!

A ciência médica em detrimento das outras é uma das mais nobres e mais apaixonantes de ser exercida... Para isso temos que senti-la... Sua profundidade, o que ela representa... Vivencia-la, participando ativamente do processo de vida e morte de outro ser humano... As vezes devido a esta complexidade surgem muitas frustrações, conflitos e todo dissabor que uma relação profundamente intima proporciona...

Ser médico não é ter uma postura soberba e intocável, não é vestir o tradicional branco, jaleco, pijama cirúrgico ou usar uma gravata importada e por isso sentir-se diferente dos demais... Ser médico não é falar pausadamente com frases prontas e linguajar erudito, vivendo em função de uma imagem. Ser médico é aceitar desafios diários e obrigações impensáveis... Ser médico é ser salva-guarda da raça homana e humildemente sentir o peso e a responsabilidade disso tudo...

Noites insones, livros, artigos, revistas, resumos... buscas por diagnósticos pouco claros... o constante assédio da indústria farmacêutica, gerando um conhecimento (?) pleno de interesses velados e escusos... Por outro lado as rotinas massacrantes, muitas vezes com queixumes que representam muito mais doenças "preveníveis" ou impensáveis no século XXI... verdadeiras patologias sociais advindas da doença moral de nossos políticos e de nossas políticas...
Rotas, Rotinas, Protocolos e Planilhas... gerando indicadores ... que talvez não gerem saúde ... mas seguramente nos afastam mais e mais da beira dos leitos e do olhar dos pacientes...

Examinar diuturnamente a medicina e refletir filosoficamente sobre a vida é um exercício de humanidade, buscando evoluir nas relações mas principalmente buscando a evolução da sociedade e o quão saudável ela pode ser...




Na mitologia, Asclépio o "Pai da Medicina" aprendeu a arte de curar... Tornou-se mestre... Ensinou... Desafiou a morte... Foi condenado a sair do Olimpo... Levado ao Hades (um inferno)... Resgatado, habita  nas estrelas e caminha entre os homens, ensinando medicina e aliviando-nos das doenças...

Que uma "Asclépio" maior nos faça sair do Olimpo nebuloso de convencimento e nos leve ao estado de reflexão permanente da Ciência-Arte que é a verdadeira medicina... Sem as tentações mercantilistas, financeiras ou das "superespecializações"... que é o caminho certeiro ao Hades de ignorância e desprezo à humanidade.




Medicina é ciência, arte e virtude, integralmente unidas nas atividades diárias do médico. Desarticular um dos membros dessa tríade é desmembrar a Medicina - cuja característica essencial é relação especial que une um ao outro. Quando isso acontece, ai poderemos ter um cientista, um artista ou um prático, mas jamais teremos um médico.

Edmund Pellegrino - The Anatomy of Clinical Judjments 

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quinta-feira, 14 de junho de 2012

As Panacéias da Vida




O que você acharia se lhe oferecessem uma substância que prevenisse a ocorrência de grande parte das doenças que nos afligem, como o câncer e o mal de Alzheimer, e que, ao mesmo tempo, fosse capaz de conservar a sua juventude e seu vigor sexual? E que, além disso, fosse totalmente natural e pudesse ser obtida a um baixo custo e sem efeitos colaterais, por meio do simples consumo diário de algumas pílulas?

Para muita gente, esse tratamento existe e está ao alcance em farmácias e até supermercados... A cada dia milhões de pessoas tomam convencidas de que essas substâncias podem conservar sua saúde e mesmo melhorá-la, movimentando uma indústria bilionária.

São elementos nutritivos essenciais para a vida que possuem na sua estrutura compostos nitrogenados os quais o organismo não é capaz de sintetizar e que, se faltarem na nutrição, provocarão manifestações de carência ao organismo.

As Aminas da Vida - que nome mais tentador!!!

VITAMINAS...

O corpo humano deve receber as vitaminas através da alimentação, por administração exógena (injeção ou via oral), ou por aproveitamento das vitaminas formadas pela flora intestinal (algumas vitaminas podem ser produzidas nos intestinos, pela ação da flora, sobre restos alimentares). A falta delas pode ser total - avitaminose -, ou parcial - hipovitaminose. Em ambas as situações, podem surgir doenças carenciais.

Entretanto, o consumo desenfreado e sem critérios dessas substâncias não tem qualquer efeito benéfico para o bem-estar e podem até causar problemas...

Diferentemente dos carboidratos, lipídeos e proteínas, elas não fornecem energia ou são empregadas como “materiais de construção” biológicos. Por outro lado, há mais de um século sabe-se que diversas patologias não são causadas por agentes infecciosos, e sim por deficiências vitamínicas. Compreendeu-se que as vitaminas são essenciais para a regulação de nossos processos fisiológicos, pois atuam como coenzimas e grupos prostéticos – moléculas que,ao se associarem com enzimas, tornam-nas ativas.

Como no caso de outros nutrientes, a deficiência de vitaminas pode se originar de uma dieta pobre ou desbalanceada ou ocorrer devido a problemas na absorção no trato digestivo, transporte, estocagem ou conversão metabólica. Embora a deficiência seja muito mais comum em países pobres, ela possui uma prevalência surpreendentemente alta nos países ricos, estando muitas vezes relacionada com a ingestão de uma dieta tipo "junk food" ou lixo enlatado... O alcoolismo e o consumo de drogas são fatores que também podem contribuir muito sócio-culturalmente no processo...

As vitaminas estão envolvidas com eventos chave de nosso metabolismo. Vejamos o exemplo da vitamina A, sintetizada a partir de carotenóides e retinóides presentes no leite e em outros produtos lácteos, no fígado, ovos e no pescado. Ela previne a ocorrência de deficiências óticas como a xeroftamia (queratinização da conjuntiva), a queratomalacia (redução e ulceração na córnea), cegueira, deficiências imunológicas, problemas reprodutivos e de crescimento. Juntamente com a desnutrição protéico-calórica, a carência de vitamina A é a desordem nutricional mais comum no mundo e acomete entre 5 e 10 milhões( !!! ) de pessoas anualmente, causando a cegueira de 250 mil indivíduos a cada ano.

Já a vitamina C, encontrada em frutas cítricas, tomates e em vegetais como couve e brócolis, é um poderoso antioxidante e agente redutor. Essa vitamina elimina os radicais, evitando o câncer e o envelhecimento precoce. Além disso, a vitamina C participa do metabolismo do colágeno e na síntese de neurotransmissores e, de uma forma ainda pouco compreendida, das reações imunes...

A vitamina E, encontrada nos vegetais, nos grãos, nos óleos e peixes, também atua como antioxidante. Está estabelecido que sua deficiência pode causar degeneração do sistema nervoso, alterações musculares e anemia hemolítica em crianças. Devido à ampla distribuição dessa vitamina nos alimentos, sua carência é um fenômeno raro, mesmo em países pobres... Confesso que nunca vi ou soube de um caso...

Por sua vez, a vitamina D, presente no pescado, grãos e metabolizada na pele na presença de luz solar, evita a ocorrência de raquitismo infantil e, em adultos, da osteomalacia (perda de massa óssea causada pela carência de cálcio na dieta) e da tetania hipocalcêmica. Essa vitamina está associada com a manutenção dos níveis dos níveis sanguíneos adequados de cálcio e fosfato responsáveis pela mineralização óssea normal.

Uma dieta diária variada e baseada em frutas, verduras, grãos e fontes de proteína deve proporcionar todas as vitaminas necessárias para a manutenção da estabilidade de nosso organismo. E somente em casos específicos, como na gravidez ou doenças degenerativas, devem ser administradas doses extras de vitaminas.

Porém, um homem propôs mudar, há cerca de quarenta anos, a visão que tínhamos das vitaminas e de seu papel em nossa saúde. Tratava-se de ninguém menos que Linus Pauling... uma grande estrela da ciência e único homem a ganhar dois prêmios Nobel em áreas diferentes, química e paz... e isso não é pouco!!! Alguém que tenho verdadeira paixão... Um ícone, junto com Dr. Osler... ( mas isso é outra história... )




Dono de uma enorme inteligência e carisma, Pauling utilizou toda a sua credibilidade para difundir a idéia de que o consumo de doses maiores de vitaminas – várias vezes mais elevadas que as doses diárias normais – poderia evitar a ocorrência de dpenças e até nos proporcionar uma vida mais saudável. Pauling, inclusive, passou a empregar nele mesmo sua teoria e consumiu durante a vida quantidades diárias enormes de vitamina C, na certeza de que esse nutriente iria fortalecer seu sistema imune e prevenir o resfriado e outras doenças.

Pauling e seus seguidores contribuíram para difundir a crença de que o consumo de vitaminas poderia, sem efeitos adversos, zelar por nosso bem-estar físico e mental.

Mas Pauling, que sempre será um ídolo para mim, parece ter negligenciado o método científico... e pesquisas posteriores demonstraram que o consumo diário de vitamina C não evita a ocorrência de resfriados ou mesmo de outras doenças. Isso ocorre porque nosso organismo é incapaz de absorver doses elevadas dessa vitamina. Além disso, seu consumo elevado pode ocasionar efeitos colaterais como uricosúria (excesso de ácido úrico na urina), absorção aumentada de ferro, acidose sistêmica e hemólise infantil.

Outras pessoas consomem vitaminas diariamente para evitar os radicais livres. Porém, esse procedimento normalmente mostra-se inócuo, pois nosso organismo não é capaz de absorver as doses elevadas, podendo inclusive provocar efeitos adversos como distúrbios gastrointestinais, interferência na captação das vitaminas A e K e mesmo predisposição para infecções intestinais em crianças.

O consumo excessivo da vitamina A, por outro lado, pode representar perigos para a saúde. Algumas fortes evidências indícam que doses elevadas desse elemento consumidas diariamente durante períodos prolongados por fumantes podem aumentar em até 30% o risco de câncer de pulmão!!!

Esses resultados mostraram que vitaminas não são tão inocentes ou "boazinhas" e incapazes de causar males. As vitaminas são substâncias cujo consumo desregrado envolve consequências inesperadas e enormes perigos e, por isso, devem somente ser receitadas de forma criteriosa por médicos.

De todas as formas, tenho certeza, que sendo o Amor a Vitamina da Vida, nada trata bem mais e melhor ao homem que a felicidade... Que assim seja...


"Que venham os anos, prentendo comê-los com sabedoria e um pouco de vitamina..."
( Lou Albertoni )
<br />

sábado, 9 de junho de 2012

Sobre a Anemia e a Foice Racial.



Todos sabemos que as doenças não só têm importância médica, como também fortes simbolismos sociais e culturais. A maneira como as enfermidades são percebidas e descritas influencia o modo como elas são diagnosticadas e tratadas, assim como a estigmatização dos pacientes.

As hemácias em formato de foice -“falciformes”- foram descritas pela primeira vez por James B. Herrick, em 1910, em um paciente negro, criando um primeiro paradigma étnico.
Em 1923, o pediatra Virgil Sydenstricker publicou um artigo chamando atenção para o fato de a doença ser familial, afetar igualmente os dois sexos e provavelmente acometer apenas pacientes negros. A partir de então, firmou-se no cânone médico a conexão entre anemia falciforme e “raça negra”.  A associação inicial da doença com uma “raça” teve conotações políticas e ocorreu como parte do fenômeno de “patologização” do negro americano, bem descrito por Melbourne Tapper em seu livro In The Blood: Sickle Cell Anemia And the Politics of Race (“No sangue: anemia falciforme e a política racial”).

Posteriormente, na década de 1970, a conexão foi adotada paradigmaticamente pelo movimento negro americano, em especial pelo cardiologista Richard Williams no seu livro Textbook of Black-Related Diseases (“Livro-texto de doenças do negro”). É curioso que o co-autor de Williams nesse tratado tenha sido nada mais, nada menos que Martin Luther King, que não era médico. Sua participação nos remete à importância social e cultural das doenças e às conseqüências da forma como elas são percebidas e apresentadas. 




Entretanto, a despeito das "evidências" históricas, a distribuição populacional da anemia falciforme e especialmente a sua maior prevalência em indivíduos negros tem nada a ver com "raça" ( ou muito melhor referido: com fatores étnicos ).  Apenas na década de 1950 ( !!! ) que verdadeiramente foram comprovados os dados da associação entre malária e anemia falciforme, quando o médico inglês Anthony Allison identitificou, em Uganda, que crianças heterozigotas falciformes tinham 76% mais chances de sobreviver ao primeiro ataque de malária, quando comparadas com as crianças sem qualquer traço falciforme... "Provavelmente uma alteração bioquímica muito pequena pode conferir a uma espécie hospedeira um grau substancial de resistência a um parasito bem adaptado. Isto tem um importante efeito evolucionário. Significa que é vantajoso para o indivíduo possuir um fenótipo bioquímico raro [...] E significa, também, que é uma vantagem para a espécie ser bioquimicamente diversa e mesmo mutável em referência a genes envolvidos na resistência às doenças.”  - J.B.S. Haldane em 1949 ( perfeito !!!!!!! ) 

Mais tarde tudo isso ficou sacramentado pela óbvia correspondência geográfica entre a prevalência da malária e a frequência do gene falciforme na África.  Deve ficar bem claro, então, que a anemia falciforme não é uma "doença de negros" nem uma “doença africana”, mas sim uma doença eminentemente geográfica, produto de uma estratégia evolucionária humana para lidar com a malária causada pelo Plasmodium falciparum.  

Analogamente, a fibrose cística ou mucoviscidose é outra doença geográfica, desta vez européia, que emergiu como uma provável estratégia evolucionária de resistência à febre tifóide. Já a doença de Tay-Sachs, especialmente vista em judeus asquenazitas, parece estar ligada à resistência à tuberculose.  Mas deve ficar claro e evidente que a fibrose cística não é uma “doença européia”, nem a doença de Tay-Sachs é uma “doença judaica”. Altas freqüências da fibrose cística, por exemplo, já foram observadas em algumas populações do Oriente Médio e da África e a doença de Tay-Sachs é vista em elevada freqüência em canadenses franceses da província de Quebec.  Podemos, com esses exemplos, perceber o papel fundamental das doenças infecciosas na evolução do genoma humano e a notável importância do território endêmico dessas enfermidades na seleção de certos genes em determinadas populações humanas. É totalmente desnecessário invocar conceitos arcaicos como “raça” e “doenças raciais” para explicar a variação de prevalência de doenças genéticas em diferentes grupos populacionais.

Portanto qualquer estígma ou preconceito associado a uma doença específica tem que ser obrigatoriamente revisto sob o ponto de vista científico e humanista. Antes passamos por reflexões de tolerância e aceitação... Identificação de que a tolerância é, antes, expressão da aptidão para a paz, que exigência dirigida a outrem. Na realidade, é uma exigência para si mesmo...

Na Bíblia o livro do Apocalipse fala dos Quatro Cavaleiros: Morte, Guerra, Fome e Pestilência. De forma contemporânea lembrando dos conflitos na Irlanda do Norte, no País Basco, em Ruanda e nos Bálcãs no final do século passado e, após o 11 de setembro, a invasão do Afeganistão e do Iraque no início do século 21, acredito que vamos ter de adicionar pelo menos quatro novos cavaleiros à "tropa" do Apocalipse: Racismo, Xenofobia, Ódio Étnico e Intolerância Religiosa. Para combater esses novos inimigos da humanidade, precisamos promover na sociedade a valorização da diversidade em todos os seus níveis, iniciando em nossos corações e terminando nas ciências... Com uma foice em toda a intolerância!!!!

  " Para Conhecer O Mundo, Primeiro Canta A Tua Aldeia " (Dostoieviski)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Sangue do Meu Sangue

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Amar: 
Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...
O amor é quando a gente mora um no sangue do outro. ( M. Quintana )



















Um dos valores mais arraigados de nossa cultura é o da consanguinidade, ou seja, o da descendência ou parentesco pelo "sangue".Nossa árvore genealógica... Embora hoje recoberta pela ideia dos genes, essa representação "sanguínea" nos liga pessoa-a-pessoa numa base naturalista de nossa visão de mundo: 
-Somos feitos da matéria combinada de nossos pais e mães; eles, de seus respectivos pais e mães, e assim até chegarmos em Adão e Eva...


Mas no final de contas quem é realmente parte de nosso sangue?

A cultura ocidental privilegiou um sistema chamado de bilateral,  pois consideramos consanguíneos todos os parentes pelo lado do pai e da mãe e a afinidade se restringe aos parentes da esposa (ou esposo, evidentemente), encontrados provavelmente nos termos da ‘ideologia do amor’.
Essa é uma das "ancoragens" históricas para nossa representação dos vínculos de sangue. Um pouco de um lado, outro pouco do outro, e estamos engatados em uma árvore genealógica frondosa, com galhos idênticos de ambos os lados...


A pergunta continua: Quem faz parte do meu sangue?

As tramas do parentesco são, porém, muito mais complexas do que apenas a regulação da procriação...
Muito mais do que um simples transmitir o sangue...
Elas lidam com os fatos da procriação, mas também envolvem redes de significado muito elaboradas, carregadas de tensões e conflitos, e muito estranhas aos nossos olhos...
Há sociedades poligâmicas; há sociedades que praticam o infanticídio generalizado, com adoção de filhos de uma casta escrava; há sociedades que praticam a reprodução incestuosa sistemática em suas casas reais; há sociedades em que casamentos homossexuais das elites se combinam com a adoção de descendentes oficiais nascidos na plebe; há sociedades em que o primeiro filho de uma mulher deve ser gerado por um amante cuja identidade deverá permanecer secreta para o filho; e assim por diante...

Nós, brasileiros, latinos, ocidentais não consideramos estranhos, no entanto, os nossos próprios costumes, que tendem a desvalorizar as adoções, por exemplo, e que levam muita gente a gastar rios de dinheiro e rios de lágrimas para conseguir levar a cabo uma gravidez assistida (inseminação artificial, barriga de aluguel etc...) que lhes garantirá um herdeiro "de sangue", "legitimo"... 
-Temos medo de sermos considerados "ilegítimos" ou "bastardos"... De não termos o sangue de nossos pais...


Todas as coisas são interligadas, como o sangue que nos une.
O homem não tece a teia da vida. Ele é apenas um fio dela.
O que fizer à teia, fará a si mesmo. ( Chefe Seattle )

De todas as formas sou filho, irmão, primo, tio "de sangue" de muitos... e tenho meu sangue correndo unido no coração de alguns... Pois esse é o verdadeiro laço de sangue, aquele que não refere cosanguinidade como marco ou qualquer laço genético como ícone, posto que a verdadeira união surge das graciosas teias do amor...

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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sangue - Dicionário


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Nome Masculino




Líquido constituído por uma parte fluida (o plasma) e por elementos celulares sólidos (glóbulos e plaquetas), que circula nos vasos sanguíneos e tem por função servir de veículo aos elementos nutritivos, a substâncias gasosas e aos produtos de excreção;



Figurado: Vida; Existência
Figurado: Família; Raça; Progenitura; Parentesco;
Figurado: Natureza
Figurado: Suco; Sumo;
Fisiologia: Sangue arterial sangue oxigenado nos pulmões e que circula nas artérias e veias; Sangue venoso sangue que perdeu oxigénio, rico em anidrido carbónico;


Sangue Azul: Nobreza, Fidalguia;

Chorar Lágrimas de Sangue: Ter profundo desgosto;

Estar na Massa do Sangue: Ser natural, Ser da própria índole;

Ferver o Sangue: (a alguém) Enfurecer-se, Ficar impaciente;

Ficar Sem Pinga de Sangue: Apanhar um grande susto;

Laços de Sangue: Parentesco
 
Subir o Sangue à Cabeça: Enfurecer-se, Irritar-se;

Ter Sangue na Guelra: Ter muita vida...


Sangue-Frio: Serenidade e autodomínio perante situações perigosas ou difíceis; controle das próprias emoções; a sangue-frio de forma deliberada e imperturbável, sem anestesia; perder o sangue-frio perder a calma.






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Sangueira



1.       Grande quantidade de sangue derramado

2.       Chacina
3.       Sangue das reses mortas
4.       Regionalismo chouriço de sangue
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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Retornando

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Que volte a graciosidade das palavras e dos nomes para o VIVOSANGUE.
Pois graciosidade e sangue combinam até em sua origem grega:
A alma da vida, que ao meu ver é o sangue, deriva da palavra haima de onde "extraímos" hemácia...
Graciosa também é a derivado de um lindo nome grego ... 


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Em breve estaremos com novos escritos e atualizações...

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quinta-feira, 8 de março de 2012

Fêmeas e Mulheres





Todos os dias, mas hoje em especial, tenho uma necessidade "sanguínea" em escrever sobre mulheres que admiro...

Ao longo da história, o padrão de medida do que entendemos como humanos - tanto na filosofia quanto na sociedade em geral - passa por uma visão peculiarmente masculina...

Alguns foram absurdamente explícitos em igualar a humanidade apenas como masculina!!!

"A fêmea é fêmea em virtude de certa carência de qualidades"(Aristóteles)


É sabido que cada um de nós tem uma relação com o próprio corpo... com os outros... com o mundo e consequentemente com sua própria filosofia de vida... sendo assim o sexo tem grande influência em qualquer percepção de humanidade ou de sociedade... 

"A representação do mundo é obra dos homens; eles o descrevem a partir de seu próprio ponto de vista"  (Simone de Beauvouir)

Simone de Beauvouir acrescentou dizendo que viver uma existência verdadeiramente autêntica traz mais riscos do que aceitar um papel transmitido pela sociedade, mas é o único caminho para a igualdade e a liberdade...

O fato é que as diferenças ou mesmo as igualdades "libertadoras" das mulheres me encantam... fazem meu sangue ferver...

A Bíblia nos fala da mulher com fluxo de sangue; e naquela época a religião judaica considerava verdadeiramente imunda a mulher menstruada... Esta mulher, no meio da multidão, escondida, se esgueirando até conseguir tocar na ponta das roupas de Jesus... e Ele, apesar de toda a confusão pergunta: - Quem me tocou??? a mulher após se apresentar recebe a resposta que está curada!!! Pois é... Recebeu a cura pelo seu gesto de fé...
As mulheres são assim: Impetuosas, destemidas, corajosas... até com o Messias... Que dirá com meros mortais???

Olhar nos olhos e no coração de uma mulher é mergulhar num oceano de mistérios... de belezas, de infinitude...
Entrar neste olhar e correr este coração é ter um encontro profundo com a divindade, pois a mulher é uma "semi-deusa". Como mãe é a parceira de Deus no ofício perfeito da criação. Portanto, para mergulhar neste mar, é necessário também ter um coração puro...  estas são águas de profundo verde, com longos cachos dourados em forma de ondas, marcadas por naufrágios e cheias de tesouros afundados.

Tantos são os olhares quanto a infindável diversidade de vidas nos mares. Todas com suas belezas e perigos; seus desejos e mistérios; suas defesas e ataques... Entretanto, é necessário que se saiba sempre: Sejam nas partes rasas ou profundas, mergulhar nos olhos e no coração de uma mulher exige acima de tudo - Amor...

Hoje em especial fica o carinho para uma mulher que conquistou meu coração ha mais de 17 anos... Quando eu era um jovem tenente da FAB... e a Carolina tinha 7 aninhos... e era portadora de necessidades especiais além de ter uma leucemia... Dizia ser minha namorada... e queria um sorvete... "roubei" ela do hospital e a levei para o Mc Donalds da Ilha do Governador... Sabia que tinha pouco tempo para passear com ela... Quase fui preso... fiquei detido... respondi vários inquéritos... mas nunca vou esquecer os olhinhos de jaboticaba... felizes... bebendo um sunday de morango... 15 dias depois Carolina virou estrelinha...
Que mulher linda!










segunda-feira, 5 de março de 2012

Ética e Bioética em Genética













No ano de 1998/1999, ajudei a formular o pensamento bioético e dotrinário da Igreja Presbiteriana do Brasil no concernente ao "Projeto Genoma"... Naquele então era necessário um posicionamento frente as dúvidas e aos "fantasmas" inerentes a qualquer manipulação genética...
Muita responsabilidade para alguém ( na época ) com pouco mais de trinta anos... Como tinha uma mente em ebulição e uma curiosidade literária incomum, aproveitei a oportunidade e trabalhei em equipe com afinco, produzindo o documento que vou resumir abaixo...

E qual o motivo de apresenta-lo novamente, e agora?
Simples...  A leitura do Livro, obrigatório, da Mayana Katz: GenÉtica - Ed Globo - que me instigou a contribuir com uma parcela... lembrando que fiz isso ha quase 15 anos...



POSICIONAMENTO DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL FACE AO PROGRESSO DA CIÊNCIA E DO PROJETO DO GENOMA HUMANO (PGH)


A Fé Reformada Presbiteriana, sempre deu importante apoio à cultura e às ciências médicas, encorajando o estudo científico da natureza. Aprovou e incentivou o estudo da medicina e da astronomia. Não fora o impulso do calvinismo à ciência na Inglaterra dificilmente a humanidade teria chegado a física newtoniana. Outra importante contribuição do Presbiterianismo para o avanço da ciência foi o seu combate ao literalismo bíblico. De acordo com a doutrina de Calvino não há dicotomia entre cristianismo e cultura, ciência e fé: Deus é o autor e senhor soberano sobre toda a ordem da criação. Ao pensador calvinista não é próprio fazer distinção entre as esferas da atividade divina e humana nos campos da cultura, da ciência, da fé e da história. O Deus-Criador convidou o homem a ser o cooperador na obra de sua criação. O cientista verdadeiro e sincero age sobre a criação com a bênção e mediante convite do Criador. A ciência pesquisa a verdade, a fé a proclama. Deus opera e o homem coopera nas fantásticas iniciativas da clonagem humana de órgãos, visando ao bem do ser humano, à melhor qualidade de vida e à glória de Deus.

A evolução inexorável dos processos científicos e da descoberta de novas metodologias para o estudo nos levam à fronteira do conhecimento humano, principalmente nas biociências e na cosmologia.

O recente anúncio do término do seqüenciamentodo genoma humano e a corrida para a identificação de todos os genes do homo sapiens envolveram laboratórios de dez países e investimentos superiores a três bilhões de dólares. A importância do vulto de dinheiro e do envolvimento internacional denota o quão estratégico e/ou vital para a humanidade é o conhecimento do seqüenciamento genético, ou seja, a identificação e manipulação dos pares de genes, e a conseqüente "leitura" da produção de proteínas responsáveis pela formação e funcionamento do organismo humano.

Em uma análise inicial, o genoma humano é constituído por um número entre 31 e 39 mil genes. A euforia científica passa pela compreensão de que, em pouco tempo, teremos o tratamento de doenças até então incuráveis, bem como algumas respostas sobre o comportamento e a biologia humanas.

Quando, em 1665, Robert Hoor identificou e nominou uma célula e suas organelas, propiciou o ponto de partida para que, em 1953, Francis Crick e Robert Watson descrevessem a estrutura, em dupla hélice, da molécula do DNA (ácido desoxirribonucléico), e explicassem a produção de proteínas pelas células.

Após o completo seqüenciamento do genoma humano, o próximo passo será a leitura e a identificação do alfabeto e do idioma genético. A tradução das informações contidas nas bases nitrogenadas de adenina, citosina, timidina, e guanina elucidarão todo processo de fabricação das moléculas necessárias à vida. Portanto o agora denominado "Projeto Proteoma" pretende compreender como os genes interagem entre si e com as proteínas, tornando tão eficaz o  código genético.

Investimentos governamentais superiores a 100 milhões de dólares, e investimentos privados  cinco vezes superiores (inclusive oriundos de empreendimentos ligados ao ramo securitário) trabalham com a  possibilidade de lucros exorbitantes provenientes de patentes e royalties do domínio da farmacogenética. A técnica científica e a epistemologia do conhecimento poderão estar pervertidos por interesses econômicos e  financeiros, empurrando ainda mais as nações do Terceiros Mundo a um estágio de maior dependência. A lei das patentes em ciência e os direitos autorais deverão ser abusivamente debatidos e amadurecidos para que a evolução da cura de doenças genéticas e a utilização plena da farmacogenética não estejam ligadas a grupos privados sem o compromisso desenvolvimentista.

Uma segunda vertente do estudo e aperfeiçoamento da genética humana e da embriologia nos leva à clonagem ou reprodução assexuada de um ser vivo. Apesar de, atualmente, os níveis de eficiência técnica serem muito baixos (a clonagem da ovelha Dolly teve um nível de eficiência técnica inferior a 30%), esta manipulação deverá aprimorar-se a níveis próximos da eficiência absoluta, ou seja, a clonagem será tão eficiente e factível quanto hoje é uma inseminação artificial. Portanto, as questões bio-éticas e senvolvimentistas deverão encarar não apenas questões simples como clonagem de tecidos para transplante transgênico e transplante entre humanos (evitando as terríveis e limitantes reações imunológicas), bem como questões mais concretas como a clonagem humana, o "reducionismo" e a limitação de combinações gênicas, posto que se trata de reprodução assexuada.

Estamos vivendo um grande amanhecer científico e todas as questões ligadas ao conhecimento do homem e do planeta devem ser democratizadas, divididas e compartilhadas. A ciência e o conhecimento não podem ser exclusivistas ou limitantes. O projeto Genoma, o Projeto Proteoma, a clonagem e a biodiversidade devem ser debatidos como um patrimônio científico da humanidade e não podem estar tabulados por qualquer determinante político ou econômico. A redundância da informação vale: ―O bem maior da humanidade é o homem e seu meio - Utilizemos este novo conhecimento com juízo e maturidade, evitando os erros passados (e não tão passados) aos racismos e  eugenias. A ciência destina-se ao bem e ao progresso de toda a humanidade.


(... nos comentários o posicionamento pastoral... )



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Sobre Sangue E Conhecimento





Uma das primeiras, e mais elaboradas, classificações dos distúrbios mentais vem da época do descobrimento do Brasil... Naquele então a distinção clássica era limitada a apenas quatro tipos de doenças: Consternatio(estados febris e catatônicos), Defatigatio(insônia provocada por forças sobrenaturais), Imbecilitas (dispensa maiores explicações) e Alienatio(demência, alcoolismo, possessão pelo demônio, melancolia, ciúme e amor)... e um dos tratamentos mais comuns era a transfusão de sangue para o corpo do doente (infelizmente na maioria das vezes era sangue de cordeiros)...

Demorou muito para que Freud inaugurasse a psicanálise e Balint concluísse com a premissa: "...o médico é um medicamento..." Assim sendo o homem deve ser tratado em sua totalidade, sem a distinção entre corpo e mente... Não tratamos mais os distúrbios mentais com "transfusões" e o materialismo químico dos psico-fármacos tem que ser revisto incansavelmente...

Durante anos, lecionando na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, participei de um "Grupo Balint", onde a reflexão contínua era instigada... Cada semana era trazido um caso, ou vários, e fazíamos uma verdadeira auditoria da terapêutica, das condutas, das posturas... Ao final o que realmente acontecia era o tratamento dos professores, médicos e alunos ... Tínhamos uma contínua "transfusão" de conhecimento... recebido... trocado...

Quanta anemia temos que ter?
Quanta transfusão temos que receber?
Quanto sangue somos capazes de doar?

A Filosofia do pensamento médico-científico ensina a questionar o conhecimento aceito e, então, estabelecer novo conhecimento por meio da prática do método científico...

"O Progresso É Uma Série De Negações" ( Hegel)

Neguemos o nosso próprio sangue, doando... nos tornando anêmicos de todo entendimento... prontos para receber toda transfusão... e assim, aos poucos, desenvolvendo nosso sangue, nossa medula... fugindo de toda transformação mágica...
...e que a única doença permitida seja a Alienatio, pelo amor...
...para nos tornarmos verdadeiros dementes de tanta necessidade amorosa de conhecimento, auto-conhecimento e elucidação, que nos leva ao desenvolvimento de nossa consciência, transcendendo as "couraças" e indo em direção da nossa verdadeira essência de amor, uma viagem que certamente exige mais coragem do que segurança.

Certos médicos têm medo do que pode vir a acontecer, mas esquecem que o fluir do sangue está presente no agora. E é no agora que está a verdadeira "transfusão" e o verdadeiro aprendizado que talvez até traga a paz e a satisfação interior. Aprender, aprender, aprender...

E assim, podendo manter sempre viva minhas palavras pronunciadas ha mais de 20 anos, onde conclamei Apolo, Esculápio, Higeia e Panaceia, e tomei por testemunhas todos os presentes, para cumprir, segundo meu poder e minha razão o juramento de manter imaculado meu sangue, minha arte, minha medicina...


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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Destinos E Decisões




Como águas profundas, são os propósitos do coração do homem e somente um sábio será capaz de descobri-los...
(provérbios 20:5) 



Filósofos têm argumentado por séculos (milênios, na verdade) se os nossos destinos são guiados por nossa própria vontade ou se são pré-determinados como resultado de uma cadeia contínua de eventos sobre os quais não temos controle... 


Sabemos, juntamente com Shakespeare, que nosso coração tem razões que a própria razão desconhece... e portanto existe um oculto muito além do nosso saber... muito além do pulsar do sangue... que impede a plenitude dos desejos... e faz inescrutável nosso julgamento...


Quem dera fosse simplificado pela quiromante em linhas visíveis... mas não... passamos ao impalpável até para nossas linhas palmares...

Por um lado, parece que tudo o que acontece tem algum tipo de explicação causal; por outro, quando tomamos decisões, parece-nos que temos o livre arbítrio que nos permitiria tomar decisões diferentes e trilhar outros caminhos.

Uma história atribuída ao Rabino Schachter fala sobre um discípulo que veio perguntar sobre como tomar decisões:



-Como atingir a sabedoria para tomar o melhor julgamento?

-Pelo bom senso, de bons julgamentos.
-E como é que se alcança o bom julgamento?
-Por meio de muita experiência.
-E como é que alguém atinge muita experiência?
-Por intermédio de maus julgamentos! 

O debate sobre o livre-arbítrio e o determinismo é um problema desse tipo.

O princípio central do determinismo é que tudo o que acontece é o resultado de algo que o fez acontecer, e esse algo foi provocado por um algo anterior e assim por uma cadeia infinita que remonta ao início dos tempos... ou até antes...

O conflito surge quando as pessoas se deparam com a necessidade de fazer uma escolha ou tomar uma decisão que resulta em tomar caminhos diferentes, todos eles caminhos igualmente possíveis... jornadas de vidas... Destinos...

Algo tem que ser abandonado!!!

Seja o nosso gosto pelo livre arbítrio, seja a ideia de que cada evento é completamente causado por eventos anteriores...

Para piorar (ou melhorar) minha consciência... eu que leciono e milito nas cátedras... também convivo com definições científicas de um futuro predeterminado e, ao mesmo tempo, inescrutável. A física indica que nosso futuro está escrito. Como disse Einstein em pessoa: "A distinção entre passado, presente e futuro é uma ilusão"...

De todas as formas, se "determinados" ou com "livre arbítrio", fomos presenteados com essa maravilhosa "máquina" de pensar: Nosso Cérebro. 
Com artérias, veias, neurônios, sinapses, pulsos elétricos e todo o sensacional meandro de interligação que o compõe... nos diferenciando de nossos "parentes" primatas... 
Este maravilhoso cérebro também nos auxilia a identificar que neste mundo tão confuso e cheio de opções, ocultas, veladas ou expostas, nós sempre poderemos fazer escolhas... Mesmo que elas já tenham sido feitas... Anteriormente... 



Senhor, tu me sondas e me conheces.
Sabes quando me sento e quando me levanto; de longe percebes os meus pensamentos.
Sabes muito bem quando trabalho e quando descanso; todos os meus caminhos te são bem conhecidos.
Antes mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces inteiramente, Senhor.
Tu me cercas, por trás e pela frente, e pões a tua mão sobre mim.
Tal conhecimento é maravilhoso demais e está além do meu alcance, é tão elevado que não o posso atingir.
Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença?
Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá estás.
Se eu subir com as asas da alvorada e morar na extremidade do mar,
mesmo ali a tua mão direita me guiará e me susterá.
Mesmo que eu dissesse que as trevas me encobrirão, e que a luz se tornará noite ao meu redor,
verei que nem as trevas são escuras para ti. A noite brilhará como o dia, pois para ti as trevas são luz.
Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe.
Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Disso tenho plena certeza.
Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra.
Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir.
Como são preciosos para mim os teus pensamentos, ó Deus! Como é grande a soma deles!
Se eu os contasse seriam mais do que os grãos de areia. Se terminasse de contá-los, eu ainda estaria contigo.
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações.
Vê se em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno.
(Salmo 139)


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