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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Hematologista Clínico com paixão por Propedêutica e pela Filosofia - Consultório: * Tel. 21 38160545 / 21 988389220

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Sangue Novo Que Corre Nas Velhas Veias

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Você é um tipo de sangue novo
Que quando corre em minhas veias
Mudam as pancadas do meu coração
Dão brilho firme e certo aos meus olhos
Aumenta a força dos meus músculos
Prolonga os meus dias empurrando o tempo
Me permite ver o limite do amor entre duas pessoas
E a natureza nesse momento sublime aplaude ao entardecer

Você é um tipo de sangue novo
Que quando corre em minhas veias
Não me deixa saber o que é saudade
Faz desse acaso o meu caso sério de amor
Dois corpos atentados que se aquecem por inteiros
Sangue sagrado que irradia contaminando as almas
E define a largura e a distancia dessa nova estrada
E dorme sereno e sonhando no canto esquerdo de sua boca

Você é um tipo de sangue novo
Que quando corre em minhas veias
Me mostra o limite sem limite do amor
E me permite tirar da morte uma lição da vida
E fazer dessa volta a mais linda canção da ida
O calor e o amor são amigos antigos e inseparáveis
Passeiam pelas ruas desse sangue, dentro de minhas veias
Param no meu cansaço quando preciso descansar pra de novo seguir

Você é um tipo de sangue novo
Que quando corre em minhas veias
Você é isto: a mais definida paz pro meu sossego
O mais gostoso dos beijos pra quem sabe amar
Vou misturar meu sangue nesse sangue pra se ter novo sangue
Pra quem sabe mais tarde, lá curva da estrada, num descanso eterno
Possa contemplar seu amor junto com as estrelas, bem perto de Deus
E morar com você perto da lua na presença dos anjos, que moram dentro de você.




José Machado Verissimo

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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O Sangue, correndo por nossas artérias e veias, sempre significou a continuidade do viver

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[...] “pois a alma de todo tipo de carne é seu sangue pela alma nele. Por conseguinte, eu disse aos filhosde Israel:
- Não deveis comer o sangue de qualquertipo de carne, porque a alma de todo tipo de carne é seu sangue. Quem o comer será decepado [da vida].

Quanto a qualquer alma que comer um corpo morto ou algo dilacerado por uma fera, quer seja natural quer residente forasteiro, neste caso terá de lavar suas vestes e banhar-se em água, e ele terá de ser impuro até à noitinha; e ele terá de ser limpo.
Mas, se não as lavar e se não banhar sua carne, então terá de responder pelo seu erro” [...]
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A religião organiza e separa o espaço da vida comum do espaço sagrado e lhes dá qualidades culturais, contribui para o sistema de conhecimento dos homens e para a construção dos símbolos/ritos e seus significados.

...“as religiõesunem as pessoas em práticas e crenças comuns;aproximam-nas em um mesmo objetivo de vida, eser religioso significa tantas coisas para pessoastão diferentes, que freqüentemente unscontradizem os outros”.

Durante a minha prática profissional e em contato com algumas pessoas idosas, tenho tentado traduzir o significado do sangue e das transfusões sangüíneas.

#Para os idosos, é freqüente a expressão que o sangue significa vida e que sem sangue não há vida.
Recebendo sangue ficam mais fortes! Para as pessoas idosas, o sangue representa a vida, o que confere com o que se encontra nas literaturas pertinentes, as quais colocam que o sangue representa, como ícone, o símbolo da vida,o “fluxo vital”.

A perda do sangue tem mais significância que a perda da consciência, da respiração, dos movimentos e, por que não dizer,da vida. Apenas nos vivos este sangue flui; nos mortos, este sangue coagula, para, morre...

O sangue está sempre presente na vida social. A ele se reconheceu, muitas vezes, um misterioso poder de catalisador social: Os Bororos (indígenas quese denominam boe que, em sua língua quer dizergente, pessoa humana), são habitantes de várias aldeias em áreas descontínuas do vale do rio São Lourenço,no Mato Grosso, que se consideravam poluídos ( ou mesmo sujos ) em alto grau quando tinham um mínimo contato com o sangue,enquanto os Nambiquaras (indígenas habitantesde aldeias espalhadas em áreas descontínuas, entre os campos cerrados da Chapada dos Parecise as matas do vale do rio Guaporé, no MatoGrosso, e em Rondônia), consomem suas caças meio cruas e sanguinolentas.

Durante toda a história do homem, o sangue possui algum significado, na áreareligiosa:
Na era pagã, os nossos antepassados utilizavam sangue como sacrifício, provocando o derramamento para seus deuses.
Até mesmo hoje,o sangue ainda tem essa importância. Basta nosreferirmos à Igreja Cristã, onde na Eucaristiatemos como representação o corpo e o sangue de Cristo. ( Lembrando a todos que sou critão praticante e Presbiteriano por convição e Graça... )
Os gregos reconheciam o sangue como sustentáculo da vida. Os gladiadores romanos ingeriam sangue para ficarem mais fortes e corajosos.
O sangue, às vezes, é considerado impuro,e às vezes participa de ritos de purificação.
Em algumas ocasiõeslhe é atribuído valor regenerador e alguns o vêem como princípio vital; noutras oportunidades, é tido como portador de destruição e de desgraça.

Segundo Geertz:
,“O Homem é um animal amarrado às teias de significados que ele mesmo teceu.
Assim, os significados atribuídos ao sangue refletem diretamente na transfusão sanguínea... e em todo o imaginário que ela apresenta, mesmo nos mais culturizados...

Quanta responsabilidade para nós médicos... que transfundimos, sangramos e vertemos sangue... merecemos tanta honra???


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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Medicina: Ciência, Arte e Sangue!

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A medicina é uma arte (techné ou ars) ou uma ciência (epistemé ou scientia)?

-Discussão interminável, que faz da teoria uma ciência e da prática uma arte.

Segundo Aristóteles, a medicina esta mais para a techné grega (ou ars), porque mesmo sendo uma ciência fundada em princípios universais, tem como objetivo o incerto, o particular, o que lhe confere o estatuto de arte, no saber fazer.

Porém, a medicina pode ser entendida como uma ciência, já que implica racionalidade, explicação causal, observação, indução e dedução, previsões e hipóteses.


Nem sempre a discussão foi tão simples e bela...
Vejamos sobre o sangue: "Cânones" do IV Concílio de Latrão (1215):

- Nesse concílio, o papa Inocêncio III (1198-1216) implantou uma série de reformas, dentre as quais destacam-se a obrigatoriedade da confissão auricular anual para o perdão dos pecados e a proibição do exercício da cirurgia pelos clérigos, pois qualquer contato com sangue era incompatível com o exercício da atividade clerical ( !!! ). Consequentemente, a cirurgia passou a ser majoritariamente exercida por leigos e socialmente desprestigiada.

No entanto, no final do século XIV e inícios do XV, a cirurgia começa a integrar o currículo dos cursos de medicina. Simultaneamente ocorre a proliferação de manuais de confissão e de cirurgia, tais como o de Guy de Chauliac e o de Lanfranco, em línguas vernáculas na Inglaterra e em outros reinos europeus( tem uma tradução fantástica para o espanhol... ).

Praticamente todo manual de confissão no século XIV incorpora essa imagem dos ferimentos corporais ligados ao pecado, pois para esses clérigos a relação entre a aflição física e a espiritual não era meramente figurativa. Associavam aflições corporais com intemperança moral. Portanto, as feridas eram sinais das punições futuras dos pecadores no post mortem.

Sem concluir, mas comentando, posso assegurar que evoluimos muitíssimo!!!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Anemia... Linda... ( Que Paradoxo )

Sobre o Sacarato de Hidroxido Ferrico Parenteral... ou... Ferro Na Veia!!!

A deficiência de ferro continua sendo importante problema de saúde pública não apenas nos países em desenvolvimento como nos países desenvolvidos. Em 1997, alguns autores, mostraram que nos EUA a deficiência de ferro acomete 1,0% a 4,0% dos homens e 6,0% a 11,0% das mulheres; e cerca de 2,0% dos homens e 4,0% das mulheres têm anemia ferropriva.

No Brasil, segundo dados da Organização Mundial de Saúde e de publicações nacionais, estima–se que a deficiência de ferro acometa cerca de 20% da população feminina e cerca de 5% da população masculina, sendo que essas porcentagens tendem a ser ainda mais elevadas nas regiões mais pobres do País, como o Norte e o Nordeste.

Num trabalho brasileiro os investigadores estiveram analisando 1.229 mulheres aceitas para doação de sangue, onde 19,8% apresentavam deficiência de ferro.

Um outro autor, estudando 300 doadores de sangue, observou que 18,5% das mulheres que estavam doando pela primeira vez apresentavam deficiência de ferro.

A causa básica da diminuição dos estoques de ferro é o desequilíbrio entre quantidade absorvida e consumo e/ou perdas, que ocorrem por diversas vias, resultando no esgotamento das reservas de ferro do organismo. Isso pode ocorrer devido a diversos fatores, tais como: necessidade aumentada de ferro (crescimento, menstruação, gestação); diminuição da oferta ou da absorção do ferro (baixa quantidade e/ou biodisponibilidade do ferro da dieta, doenças inflamatórias crônicas intestinais, gastrectomia, etc.); ou perda de ferro (sangramento patológico por alterações do trato gastrointestinal, verminoses, doação de sangue, etc.).

O tratamento da anemia ferropriva consiste na identificação e correção, quando possível, da(s) causa(s) que levou (levaram) à anemia, associado à reposição de ferro. Via de regra, recomenda–se a via oral como via preferencial de administração de ferro, na dose de 3,0 a 5,0 mg/kg de peso corporal por período suficiente para normalizar os valores da hemoglobina e restaurar os estoques normais de ferro do organismo. No entanto, a efetividade de tal tratamento depende da capacidade de absorção intestinal de ferro e, principalmente, da tolerância do paciente ao tratamento oral, determinada pela freqüência e intensidade dos efeitos colaterais, sobretudo gastrointestinais.

A absorção de ferro pode ser insuficiente frente às necessidades do organismo, como nos pacientes com perda crônica de sangue e nos pacientes gastrectomizados ou com insuficiência renal. Quanto à tolerabilidade ao ferro oral, cerca de 10,0% a 40,0% dos pacientes apresentam efeitos colaterais intensos e não toleram tal tratamento.

Dessa forma, frente às situações nas quais a reposição oral de ferro é incapaz de suprir as necessidades do organismo, a utilização de ferro por via parenteral, particularmente por via intravenosa, é uma opção terapêutica de grande valia nesse grupo de pacientes.

Vamos estar discutindo isso...


PS: as referências bibliográficas podem ser apresentadas quando solicitadas.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Anemia... A Prata da Casa... ou melhor " O Ferro da Casa"

Anemia é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal como resultado da carência de um ou mais nutrientes essenciais, seja qual for a causa dessa deficiência. A hemoglobina é o pigmento dos glóbulos vermelhos (eritrócitos) e tem a função vital de transportar o oxigênio dos pulmões aos tecidos. Os valores normais para a concentração de hemoglobina sanguínea é de 13g∕dL para homens, 12 g ∕dL para mulheres e 11 g ∕dL para gestantes e crianças entre 6 meses e 6 anos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 30% da população mundial é anêmica, sendo que sua prevalência entre as crianças menores de 2 anos chega a quase 50%.
São várias as causas de anemia, sendo a anemia por deficiência de ferro a mais prevalente em todo o mundo. Crianças, gestantes, lactantes (mulheres que estão amamentando), meninas adolescentes e mulheres adultas em fase de reprodução são os grupos mais afetados pela doença, muito embora homens -adolescentes e adultos- e os idosos também possam ser afetados por ela.
Tipos de anemia
Qualquer condição passível de comprometer a produção ou de aumentar a taxa de destruição ou de perda dos glóbulos vermelhos pode resultar em anemia, se a medula óssea não conseguir compensar a perda dos glóbulos vermelhos, ou mesmo um aumento das necessidades de ferro, como ocorre em crianças durante períodos de crescimento acelerado ou em mulheres durante a gestação e amamentação.
Os principais tipos de anemia são:
• Anemia da carência de ferro (anemia ferropriva)
• Anemia das carências de vitamina B12 (anemia perniciosa) e de ácido fólico
• Anemia das doenças crônicas
• Anemias por defeitos genéticos:
- anemia falciforme
- talassemias
- esferocitose
- deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase
• Anemias por destruição periférica aos eritrócitos:
- malária
- anemias hemolíticas auto-imunes
- anemia por fragmentação dos eritrócitos
• Anemias decorrentes de doenças da medula óssea:
- anemia aplástica
- leucemias e tumores na medula
Sintomas
Na anemia aguda, causada pela perda súbita de sangue ou pela destruição aguda dos glóbulos vermelhos, a falta de volume no sistema circulatório é mais importante que a falta de hemoglobina. Os sinais e sintomas mais proeminentes consistem em queda da pressão arterial devido à diminuição do volume sanguíneo total, com tonteira e desmaio subseqüentes, taquicardia e palpitação, sudorese, ansiedade, agitação, fraqueza generalizada e possivelmente uma diminuição da função mental.
Na anemia crônica, o volume sanguíneo total está normal, mas ocorre uma diminuição dos glóbulos vermelhos e hemoglobina. A falta de hemoglobina causa descoramento do sangue, com palidez do paciente, e falta de oxigênio em todos os órgãos, com os sinais clínicos decorrentes desta alteração. Hipócrates no ano 400 a.C. já havia descrito os sinais da anemia: "palidez e fraqueza devem-se à corrupção do sangue".
Portanto, os principais sinais e sintomas são: fadiga generalizada, anorexia (falta de apetite), palidez de pele e mucosas (parte interna do olho, gengivas), menor disposição para o trabalho, dificuldade de aprendizagem nas crianças, apatia (crianças muito "paradas").
Os sintomas pioram com a atividade física e aumentam quanto menor o nível de hemoglobina. Com níveis de hemoglobina entre 9 e 11 g ∕dL estão presentes os sintomas como irritabilidade, indisposição e dor de cabeça, entre 6 e 9 há aceleração dos batimentos cardíacos, falta de ar e cansaço aos mínimos esforços; e quando a concentração de hemoglobina chega a valores abaixo 6g ∕dL ocorrem os sintomas acima mesmo em repouso.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Vida longa ao VIVO SANGUE!!!

Bem vindos ao blog de atualização científica em onco-hematologia clínica e hemoterapia.


http://www.maploco.com/view.php?id=3768192