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Hematologista Clínico com paixão por Propedêutica e pela Filosofia - Consultório: * Tel. 21 38160545 / 21 988389220

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Um Sonho...

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“Sonhei que você sonhava comigo. Parece simples, mas me deixa inquieto. Cá entre nós, é um tanto atrevido supor a mim mesmo capaz de atravessar — mentalmente, dormindo ou acordado — todo esse espaço que nos separa e, de alguma forma que não compreendo, penetrar nessa região onde acontecem os seus sonhos para criar alguma situação onde, no fundo da sua mente, eu passasse a ter alguma espécie de existência. Não, não me atrevo. Então fico ainda mais confuso, porque também não sei se tudo isso não teria sido nem sonho, nem imaginação ou delírio, mas outra viagem chamada desejo.”

- Caio Fernando Abreu.





Houve uma época em que andar com livros de Gabriel Garcia Marquez debaixo do braço e recitar versos de Pablo Neruda era fazer parte da vanguarda intelectual do início dos anos 80... 
Continuo completamente apaixonado por Garcia Marquez e sei muitos poemas de Neruda de cor... 

Era a revolução cultural Latino-Americana! 

Vivi como "adolescente intelectual" nessa época... Tivesse 10 ou 15 anos a mais, seguramente teria entrado nas fileiras da luta armada contra as injustiças sociais, vividas, vistas, presenciadas em minhas andanças como nordestino...
Minha verve revolucionária ainda não se esvaiu de meu sangue latino... Dou e continuarei dando muito de mim por sonhos... Qual guerrilheiro: pueril, infante...  enquanto a anemia da morte não me atingir...

Confesso que nunca gostei das músicas de Mercedes Sosa, mas tenho bem guardado meus CDs do argentino Piero e da "Nueva Trova Cubana" e por vezes relembro, com doce nostalgia de Sylvio Rodriguez e canto com meus botões: -Mi Unicornio Azul Ayer Se Me Perdio... - quando inevitavelmente choro...

O importante é manter o sonho revolucionário vivo e a eterna disposição para dar o próprio sangue... Independente de onde esteja a revolução, ou mesmo se existe alguma...  
Independente de onde esteja o sonho... mesmo que Borges e Garcia Marquez já tivessem escrito as palavras de Caio Fernando Abreu (- que abrem essa postagem -) muito tempo antes... 
O importante é que o meu sonho pode ser sonhado no sonho de outro... 
Mesmo que para isso os sonhos subam as serras e paguem pedágios na BR Pres. Dutra... 
-Pedágios? -É, pedágios, sim... e dai? Também sei que não existem unicórnios... 






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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

(Roubado) -Em meu aniversário... Assuero Silva



Hoje é aniversário do Lucas de nossa vida. O médico mais amado. Meu amigo e parceiro em alguns trabalhos já realizados como seminários e debates – Dr. Assuero Silva.
Lá estivemos em um encontro que poderia dar-se em um congresso de medicina, hospital ou coisa parecida dado aos inúmeros representantes da área de saúde. Alguns poucos mortais, doentes ou não no momento, entregaram ali seu respeito e admiração pela cativante personalidade do nosso aniversariante.
Presentes foram poucos, presenças foram muitas. Aprecia canetas e motos, gostos raros e caros mas o mais importante não faltou. Respeito, admiração, abraços.

Todos sabemos que médicos brincam um pouco de deus. É verdade. Penso isso mas logo percebo que se eles pensam que o fazem só porque dão umas ordens aqui e ali que nem são sempre seguidas.

Deus, deus mesmo é quem tem filhos pequenos. Digo isso e explico. As metáforas cristãs de que Deus é o pai e nós os filhos se elucida. Os filhos suplicam. Os pais decidem. Mudam de casa. Mudam os filhos de escola. Decidem as férias. Fazem o diabo. E os pequenos seres podem apenas protestar ou agradecer a deus a sorte que lhes é imposta.
“ – Você não vai para a casa da Paulinha hoje.”
“ – Mas por quê?”
...os pobres pedem, suplicam por uma explicação mais lógica mas os desígnios do pai não são os dos filhos. Sempre resta a eles a possibilidade de entrar com o recurso para com o outro pai ou mãe correndo o risco do famoso círculo da responsabilidade empurrada. No entanto, a fase de filhos pequenos é a fase do ciclo vital com maior risco e incidência de separação. Seja porque o filho já fora encomendado na falência do casamento onde a própria relação homem-mulher já estava abalada. Ora porque os conflitos e mudanças impostas pelos traumas do nascimento e crescimento das crianças seja demais para estrutura em questão. O fato é que percebemos o crescimento do fenômeno que mais nos interessa na modernidade – a família monoparental. A Produção independente, mães solteiras, guardas compartilhadas e número crescente de divórcios geram famílias onde a responsabilidade de criação do filho pesa somente sobre um dos pais. O que tem tornado tudo mais complicado para pais e crianças.

Enquanto cresce a complexidade só o que peço ao único e verdadeiro Deus é que me dê sabedoria do alto nesta missão e que “mesmo sendo maus, consigamos dar boas dádivas aos nossos filhos” – disse Jesus.
É o mais poderoso tipo de amor que conheço... e que um dia nosso amigo possa se ver diante desta responsabilidade divina.

Rio de Janeiro, 26 de Fevereiro
Postado por Liliane Cunha