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Hematologista Clínico com paixão por Propedêutica e pela Filosofia - Consultório: * Tel. 21 38160545 / 21 988389220

segunda-feira, 29 de março de 2010

O MILAGRE DO SANGUE ...

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Se conta que naquela época (quando Rumi andava entre nós) surgiu um grande debate intelectual entre os médicos sobre se o homem vivia em virtude do sangue que tinha em suas veias, ou pela Misericórdia de Deus. Os médicos tinham, naturalmente, a opinião de que uma vez que o sangue é a seiva vital do corpo humano, se era extraido do corpo a vida tinha fim.

Os pensadores esotéricos tinham outra opinião. Levaram a questão à Maulana (Rumi).
Este disse que na medicina era essencial, naturalmente, a presença de sangue no corpo humano.

Porém, segundo nossa forma de pensar - acrescentou -, a existência do homem está vinculada à Vontade de Deus, e ninguém pode, ou deve discuti-lo.

Dito isso, chamou um sangrador. Se fez sangrar até o ponto em que um homem normal estaria morto e lhe tiraram tanto que seu corpo ficou quase sem sangue e adquiriu uma cor amarelada. Pediu atenção aos médicos e lhes perguntou se não criam que o homem vive pela Misericórdia de Deus e não somente pelo sangue.

Todos baixaram a cabeça em sinal de assentimento e se converteram em seus discípulos. Depois disso Maulana foi banhar-se e mais tarde entoou e cantou versos místicos com os demais, como se não houvera acontecido nada fora do comum.
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Extraído de 'LAS CIEN HISTORIAS DE LA SABIDURÍA SUFÍ'
(Idries Shah)

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terça-feira, 23 de março de 2010

Australiano com sangue raro já salvou 2,2 milhões de bebês

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Em mais de uma década, ele fez 984 doações de sangue!!!
James Harrison ficou conhecido como 'o homem com o braço de ouro'
O australiano James Harrison, dono de um tipo sanguíneo raro, já salvou a vida de 2,2 milhões de recém-nascidos, incluindo a do próprio neto.

Seu plasma sanguíneo é usado na criação de uma vacina aplicada em mães para evitar que seus bebês sofram da doença de Rhesus, também conhecida como doença hemolítica ou eritroblastose fetal.
A doença causa incompatibilidade entre o feto e a mãe. A doença acontece quando o sangue da mãe é Rh- e, o do bebê é Rh+. Após uma primeira gravidez nestas condições ou após ter recebido uma transfusão contendo sangue Rh+, a mãe cria anticorpos que passam a atacar o sangue do bebê.
Vacina Anti-D previne a formação de anticorpos contra eritrócitos Rh-positivos em pessoas Rh-negativas
O sangue de Harrison, de 74 anos, no entanto, é capaz de tratar essa condição mesmo depois do nascimento da criança, prevenindo a doença.

Após as primeiras doações à Cruz Vermelha australiana, descobriu-se a qualidade especial do sangue de Harrison. Foi quando ele ganhou o apelido de "o homem com o braço de ouro".

"Nunca pensei em parar de doar", disse Harrison à mídia local. Em mais de uma década, ele fez 984 doações de sangue e deve chegar a de número mil ainda nesse ano.

Harrison se tornou voluntário de pesquisas e testes que resultaram no desenvolvimento de uma vacina conhecida como Anti-D, que previne a formação de anticorpos contra eritrócitos Rh-positivos em pessoas Rh-negativas.
Antes da vacina Anti-D, Rhesus era a causa de morte e de danos cerebrais de milhares de recém-nascidos na Austrália.

Aos 14 anos de idade, Harrison teve de passar por uma cirurgia no peito e precisou de quase 14 litros de sangue para sobreviver. A experiência foi o que o levou, ao completar 18 anos de idade, a passar a doar com constância o próprio sangue.
Seu sangue foi considerado tão especial que o australiano recebeu um seguro de vida no valor de um milhão de dólares australianos, o equivalente a R$ 1,8 milhão.

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sexta-feira, 19 de março de 2010

Além do Sangue, o Sonho!

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Além do sangue, o sonho
Sina quase divina
Mínima partícula da esperança que dança
Acima dos telhados ilhados da nossa indiferença

Além da senha, o pulso que vibra
Vivo quasar-coração
Brilho incessante de louco diamante

Além do tiro, a mão desarmada
Doce pássaro do cosmo
Cicatrizando as feridas
Em meio ao caos da madrugada

Além da chuva ácida
Da intempérie que desespera e mata
A chuva de pétalas
A rosa que cala a mesquinha fala

Além do medo e da tristeza
A profunda beleza da alma alada, renovada
Além de toda dor
O recomeço do sonho...




(Gustavo Adonias)

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quinta-feira, 18 de março de 2010

A Utopia Médica de La Mettrie

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Pois então se o corpo é o centro de tudo, quem trata dele é o imperador informal da sociedade!!!!
Os doutores, para La Mettrie, como expôs na sua utopia médica A política dos médicos, seguramente assumiriam funções extraordinárias na sociedade do futuro. Conhecendo os mínimos detalhes do funcionamento do equipamento, a razão de ser das mais insignificante peças do maquinismo humano (que segundo ele ativava-se de acordo com as leis da hidráulica e da mecânica), eram eles os donos do devir.
Não havendo nada depois da morte, a vida assume então uma relevância extraordinária.
Ela é o sentido de tudo.
O médico, guardião da saúde, responsável pela existência, será o grande estrategista do Estado. Sentará ao lado do rei e lhe soprará o que, quando, e como fazer, no sentido de preservar a sociedade.
Se bem que La Mettrie não advogasse o poder direto para o médico-filósofo, como outrora Platão reivindicou para o filósofo-rei, ele levou às conclusões últimas o que Descartes já havia exposto ao desenhar a sua árvore da vida, dando um lugar na copa, isto é junto ao poder, para a Medicina. Em termos puramente corporativos, ele queria afastar os sacerdotes, responsáveis pela pureza das almas, opondo-lhes os médicos, os mantenedores dos corpos.


- Gostei disso!!!
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Sobre a Transfusão

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As primeiras transfusões de sangue foram realizadas em animais no século XVII por Richard Lower, em Oxford, no ano de 1665.

Dois anos mais tarde, Jean Baptiste Denis, médico de Luis XIV, professor de filosofia e matemática na cidade de Montpellier, através de um tubo de prata, infundiu um copo de sangue de carneiro em Antoine Mauroy, de 34 anos, doente mental que perambulava pelas ruas da cidade que faleceu após a terceira transfusão. Na época, as transfusões eram heterólogas e Denis defendia sua prática argumentando que o sangue de animais estaria menos contaminado de vícios e paixões. Esta prática considerada criminosa e proibida inicialmente pela Faculdade de Medicina de Paris, posteriormente em Roma e na Royal Society, da Inglaterra.

Em 1788, Pontick e Landois, obtiveram resultados positivos realizando transfusões homólogas, chegando à conclusão de que poderiam ser benéficas e salvar vidas. A primeira transfusão com sangue humano é atribuída a James Blundell, em 1818, que após realizar com sucesso experimentos em animais, transfundiu mulheres com hemorragias pós-parto.

No final do século XIX, problemas com a coagulação do sangue e reações adversas continuavam a desafiar os cientistas.

Em 1869, foram iniciadas tentativas para se encontrar um anticoagulante atóxico, culminando com a recomendação pelo uso de fosfato de sódio, por Braxton Hicks. Simultaneamente desenvolviam-se equipamentos destinados a realização de transfusões indiretas, bem como técnicas cirúrgicas para transfusões diretas, ficando esses procedimentos conhecidos como transfusões braço a braço.

Em 1901, o imunologista austríaco Karl Landsteiner descreveu os principais tipos de células vermelhas: A, B, O e mais tarde a AB. Como conseqüência dessa descoberta, tornou-se possível estabelecer quais eram os tipos de células vermelhas compatíveis e que não causariam reações desastrosas, culminado com a morte do receptor.

A primeira transfusão precedida da realização de provas de compatibilidade, foi realizada em 1907, por Reuben Ottenber, porém este procedimento só passou a ser utilizado em larga escala a partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Em 1914, Hustin relatou o emprego de citrato de sódio e glicose como uma solução diluente e anticoagulante para transfusões, e em 1915 Lewisohn determinou a quantidade mínima necessária para a anticoagulação. Desta forma, tornavam-se mais seguras e práticas as transfusões de sangue.


Idealizado em Leningrado, em 1932, o primeiro banco de sangue surgiu em Barcelona em 1936 durante a Guerra Civil Espanhola.

Após quatro décadas da descoberta do sistema ABO, um outro fato revolucionou a prática da medicina transfusional, a identificação do fator Rh, realizada por Landsteiner.

No século XX, o progresso das transfusões foi firmado através do descobrimento dos grupos sanguíneos; do fator Rh; do emprego científico dos anticoagulantes; do aperfeiçoamento sucessivo da aparelhagem de coleta e de aplicação de sangue, e, do conhecimento mais rigoroso das indicações e contra indicações do uso do sangue.

Após a Segunda Guerra Mundial, com os progressos científicos e o crescimento da demanda por transfusões de sangue, surgiram no Brasil os primeiros Bancos de Sangue.

E ai é outra história...

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