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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sangue Artificial

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Já está em fase final de testes uma série de soluções que serão utilizadas como substitutos sintéticos para o sangue. Nenhum deles é, entretanto, exatamente eficaz. Surge um novo desafio para os químicos: preparar soluções que, além de mimetizar o comportamento do sangue humano, não tragam nenhum agravo ao nosso organismo.

 
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Desde o século XVII, as transfusões de sangue tem sido uma tentativa de remediar as perdas de sangue causadas por traumas, partos, hemorragias e cirurgias. Antes da identificação dos anticorpos isoaglutinantes (fator Rh), as transfusões provocaram muitas mortes. A disponibilidade do sangue para a transfusão sempre foi um problema. A dificuldade era maior ainda durante as guerras: períodos onde a pesquisa de químicos em busca de um substituto sintético para o sangue sempre foi intensa.



 
Os primeiros substitutos surgiram durante a segunda guerra mundial: os alemães utilizavam soluções aquosas de PVP (polivinilpirrolidona). O objetivo era apenas o de manter o volume sanguíneo, uma vez que esta solução não era capaz de transportar oxigênio. Durante a guerra do Vietnã, várias tentativas foram feitas, utilizando soluções aquosas de hemoglobina ou derivados. Embora mais eficaz do que o PVP, os efeitos colaterais incluiam complicações renais sérias, que muitas vezes levavam à morte.

 
Na década de 1960, Legand Clark iniciou uma pesquisa com uma classe de compostos conhecidos como perfluorocarbonos. O oxigênio apresenta uma grande solubilidade nestes líquidos: cerca de 500 vezes maior do que na água. Estes compostos, entretanto, são bastante hidrofóbicos (imiscíveis com a água). Foi necessário se desenvolver um sistema emulsificante, com o auxílio de surfactantes, para solubilizar o PFCs em água, tal como a lecitina extraída de ovos de galinha. As emulsões atuais já são a segunda geração de substitutos do sangue baseados em PFCs. Hoje, a grande maioria dos substitutos sendo testados clinicamente baseia-se em soluções de PFCs ou derivados de hemoglobina.

 
Um dos mais promissores sistemas de sangue artificial são os baseados em fluorocarbonetos: moléculas formadas de carbono e flúor. Os perfluorocarbonos são biologicamente inertes. Quando administrados na corrente sanguínea, eles são capazes de aumentar a solubilidade do O2 no plasma. As moléculas dos PFCs são posteriormente sequestradas pelo sistema retículo-endotelial, mais precisamente pelas células de Kupffer, no fígado, e subsequentemente liberadas no plasma, como um gás dissolvido. O gás é então exalado, sem qualquer metabolização, pelos pulmões. A liberação é lenta: após uma transfusão, o paciente pode exalar PFC por mais de 10 meses!
Mesmo a atual geração de PFC permanece cerca de 7 dias no fígado, um tempo bem menor, entretanto, de que os primeiros substitutos baseados em PFC. Isto permite uma eliminação efetiva, sem nenhum dano ou disfunção no órgão.

 
Entretanto - apesar de inertes - o sequestro dos PFCs pelo fígado pode causar sérias consequências. A contagem de plaquetas diminui: os PFCs "solvatam" as plaquetas, que são sequestradas, juntamente, para o fígado. E, se o volume de sangue na transfusão for muito grande, as moléculas de PFC podem saturar e prejudicar o funcionamento do fígado, resultando em uma potencial infecção ou outras complicações. Atualmente, o volume seguro de PFC em uma transfusão é de, no máximo, 1 litro.
Outra propriedade dos PFCs é a forte dependência com a Lei de Henry das pressões parciais: a solubilidade do O2 depende intensamente da sua pressão parcial, e o oxigênio não tem solubilidade funcional se a pressão deste gás for igual a observada no ar atmosférico. A respiração do paciente pós transfusão deve ser artificial, com uma mistura de gáses onde a concentração de O2 é maior do que a atmosférica. A pressão parcial de O2 deve ser de, no mínimo, 400 mmHg!
Um dos produtos já em teste é o PERFLORAN, desenvolvido pelo Institute of Theoretical and Experimental Biophysics em Pushchino, Russia. As principais características deste produto são:

 
  • pode ser armazenado em temperaturas entre -5oC a -18oC, até por dois anos;
  • solubiliza tanto o O2 como o CO2;
  • pode ser administrado com soluções salinas, albumina, glucose e antibióticos;
  • os principais componentes são o perfluorodecalina (PFD) C10F18 and perfluorometilciclo-hexilpiperidina (PFMCP) C12F23N

 

 
Embora tenha sido uma das primeiras e infrutíferas alternativas, mesmo hoje a hemoglobina tem sido alvo de pesquisa para a sua utilização como substituto do sangue. Pode ser extraída de sangue coletado nas salas de cirurgia, de amostras de sangue para doação descartadas e, mesmo, de outros animais. Em todos os casos se obtém uma "hemoglobina" extremamente tóxica para nosso organismo.
Hemoglobina é um tetrâmero protéico, que é encontrada no sangue encapsulada em um eritrócito (uma célula sanguínea), conhecido como "glóbulo vermelho". Fora destas células, a molécula rapidamente se dissocia em dímeros, compostos de uma unidade alfa e outra beta. Além de perder a funcionalidade, esta hemoglobina é filtrada pelos rins e, ao interagir com as paredes celulares dos glomérulos renais, causa uma rápida necrose tubular e consequente colapso da função renal.
O desafio, então, é produzir uma hemoglobina tetrâmera que não se dissocie em dímeros na infusão. Este problema tem sido resolvido de várias maneiras.

 
A prevenção da dissociação do tetrâmero da hemoglobina, no plasma, tem sido feita pela ligação das subunidades, tanto quimicamente como geneticamente. A ligação química envolve a união das subunidades alfa por um "agente bifuncional", tal como a diaspirina, que une as moléculas de hemoglobina, estabilizando-as. Estas poli-hemoglobinas estão, agora, na fase de testes clínicos. O problema principal deste método é a falta do 2,3PG (ácido 2,3-difosfo-D-glicérico) associado com a hemoglobina, tal como acontece nos glóbulos vermelhos. Isto faz com que as poli-hemoglobinas tenham uma afinidade pelo O2 menor do que as hemoglobinas encapsuladas nos glóbulos vermelhos.

 
Esta afinidade pode ser medida pelo parâmetro P50, que corresponde à pressão parcial de O2 necessária para saturar 50% das moléculas de hemoglobina. Quanto maior for o valor de P50, maior será a capacidade para o transporte de O2. Para uma solução de hemoglobina (fora dos glóbulos vermelhos), a P50 é de aproximadamente 17 mmHg. A P50 para a hemoglobina natural, no sangue, é de 27 mmHg.
Esta marca já foi ultrapassada quimicamente, pela polihemoglobina ligada por moléculas de fosfato de piridoxal (3-hidroxi-2-metil-5-[(fosfonooxi)metil]-4-Piridinocarboxaldeído). A P50 para uma solução desta polihemoglobina é de mais de 30mmHg!

 
 
 
 
 
Uma outra técnica é a modificação genética da hemoglobina. Com o auxílio da bactéria E. Coli, pode-se produzir grandes quantidades de uma hemoglobina geneticamente alterada, contendo uma mutação proposital: a adição de alguns amino ácidos à sequência, que permitem a ligação covelente entre as duas subunidades alfa, impedindo a dissociação do tetrâmero. A P50 para estas hemoglobinas mutantes é também superior a 30 mmHg. Vários substitutos baseados nesta técnica já estão em fase de testes clínicos.

 
Outros grupos tentam utilizar a hemoglobina bovina, polimerizada. Uma vantagem é fonte barata e abundante de sangue bovino. A desvantagem é o delicado processo de descontaminação das amostras, evitando o contágio por zoonoses.

 
Na terceira geração de substitutos do sangue baseados em hemoglobina, a idéia é se encapsular a proteína, tal como nos glóbulos vermelhos. A primeira encapsulação artificial de todos os componentes das células vermelhas, incluindo a hemoglobina e enzimas, foi feita em 1957, por Chang (Chang TMS & WP Yu(1996). Biodegradable polymer membrane containing hemoglobin for blood substitutes. U.S.A. Patent,1996). Chang continuou o trabalho, utilizando vários materiais como membrana artificial: proteínas, bicamadas de fosfolipídeos complexadas com polímeros, membranas poliméricas, e outros. Thomas Chang, na McGill University, Canadá, tem produzido nanocápsulas de cerca de 150nm de diâmetro a partir de uma membrana polimérica biodegradável. Esta membrana é rapidamente convertida em água e CO2 pós o uso e não acumula no organismo, tal como acontecia com as membranas a base de lipídeos.

 
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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Política das Testemunhas de Jeová Sobre o Sangue Muda Novamente !!!

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O artigo apresenta o que parecem ser mudanças sutis, mas sob exame mais detido revela reformas muito significativas. A política revista continua a proibir as Testemunhas de Jeová de aceitarem qualquer dos componentes "primários" do sangue, nomeadamente, glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plaquetas e plasma. Esta política é desprovida de qualquer base significativa para um cristão visto que a Bíblia não define o que é um componente primário ou secundário do sangue e parece refletir o fato de os bancos de sangue geralmente separarem o sangue dessa forma. Deve-se notar, porém, que muitos dos componentes do sangue permitidos pela Sociedade Torre de Vigia são considerados principais ou primários por médicos e cientistas.

Talvez mais interessante é o fato de o artigo declarar:

"Quando a questão envolve frações de quaisquer componentes primários, cada cristão deve conscienciosamente decidir o que fazer, após cuidadosa meditação com oração."

A declaração é sutil e muitas Testemunhas de Jeová inicialmente não se aperceberão da sua importância. No entanto, assinala uma mudança importante porque as Testemunhas de Jeová podem agora conscienciosamente aceitar qualquer produto sangüíneo que seja fração da lista de componentes "primários" da Sociedade Torre de Vigia. Anteriormente, as Testemunhas de Jeová tinham permissão da Sociedade Torre de Vigia para aceitar frações de plasma do sangue tais como albumina, fibrinogênio e fatores de coagulação. Veja a nossa discussão sobre componentes do sangue permitidos pela Sociedade Torre de Vigia e a nossa base de dados de citações da Torre de Vigia para pesquisar e confirmar quais foram as posições da Sociedade Torre de Vigia sobre o uso de componentes do sangue que agora são permitidos.

A nova política permitirá às Testemunhas de Jeová aceitar frações sangüíneas de componentes celulares anteriormente proibidas, nomeadamente frações de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. O artigo dá exemplos de interferons e interleucinas dos glóbulos brancos e um fator de cicatrização das plaquetas. Sobre estas frações, o artigo declara:

"Essas terapias não constituem transfusões de componentes primários; geralmente envolvem partes ou frações deles. Devem os cristãos aceitar tais frações para tratamento médico? Não podemos dizer. A Bíblia não fornece detalhes, por isso, o cristão deve tomar sua própria decisão, baseada em sua consciência, perante Deus."

O leitor atento notará que a declaração acima deixa implícito que a Bíblia fornece detalhes sobre o uso de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plaquetas e plasma. Isso não é verdade. De qualquer modo, a nova política abrirá a porta para que as Testemunhas de Jeová aceitem muitos produtos adicionais feitos à base de sangue e eventualmente substitutos do sangue à base de hemoglobina.

Se alguém tem dúvidas de que isto é de fato uma mudança de política, leia os comentários de Richard Bailey e Tomonori Ariga, dos Serviços de Informação Hospitalar da Sociedade Torre de Vigia, que escreveram o seguinte em 1998 num periódico de investigadores de substitutos do sangue:

"Com base neste entendimento religioso, as Testemunhas de Jeová não aceitam sangue total, nem componentes principais do sangue, nomeadamente, glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plaquetas e plasma. Também não aceitam hemoglobina, que é uma parte principal dos glóbulos vermelhos [...] Assim, segundo estes princípios, as Testemunhas de Jeová não aceitam um substituto do sangue que use hemoglobina obtida de uma fonte humana ou animal."

Acreditamos que esta mudança específica de política tem o potencial para reduzir o número de mortos entre as Testemunhas de Jeová para metade depois de os substitutos do sangue se tornarem comercialmente disponíveis na maioria dos países. A AJWRB (Testemunhas de Jeová Associadas Para Reforma na Questão do Sangue) está muito satisfeita com este desenvolvimento, embora estejamos preocupados quanto ao o nível de confusão existente tanto entre as Testemunhas de Jeová como entre a classe médica, pois a Sociedade Torre de Vigia, num gesto que lhe é típico, tratou de fazer esta mudança de um modo que pretende não alertar os seus membros e que pretende fornecer ao seu Departamento de Relações Púbicas alguma base para uma negação plausível assim que os meios de comunicação começarem a interrogá-los.

A nova política provavelmente suscita mais interrogações do que respostas. Por exemplo, embora o plasma sangüíneo continue banido como um dos componentes "primários" da Sociedade Torre de Vigia, que dizer do plasma fresco congelado (FFP) que é produzido depois de uma fracionação secundária de plasma rico em plaquetas e congelado no espaço de 8 horas? Tecnicamente, o processo de fracionação secundária, congelação e descongelação poderia qualificar o FFP como sendo uma fração secundária. Para complicar ainda mais o assunto, um novo produto chamado Plasma SD (veja o artigo do Consumer Reports) é submetido a um processamento muito mais extenso além do mencionado acima. Por exemplo, depois do fracionamento secundário de plasma rico em plaquetas, é submetido a um tratamento com detergente solvente, cromatografia hidrófoba e filtragem. Pode uma Testemunha de Jeová aceitar Plasma SD caso conclua que é uma fração secundária do plasma sangüíneo, especialmente tendo em vista o fato de as Testemunhas de Jeová aceitarem albumina, fibrinogênio e os fatores de coagulação que são os outros elementos primários do Plasma SD?

Interrogamo-nos sobre quão rapidamente a Sociedade Torre de Vigia vai agir para atualizar a sua brochura do sangue, os seus formulários de "Isenção de responsabilidade" e a Declaração Médica Antecipada. Quantas Testemunhas de Jeová acabarão por rejeitar terapias potencialmente salvadoras devido à confusão sobre esta política do sangue extremamente complexa? Mesmo a AJWRB (Testemunhas de Jeová Associadas Para Reforma na Questão do Sangue), com a sua equipa de médicos e especialistas na política do sangue da Sociedade Torre de Vigia, fica num estado de confusão em alguns destes assuntos. Onde é que isto deixa a Testemunha de Jeová típica, que pouca consideração dará a estes assuntos complexos até surgir uma situação de emergência?

Também há novas questões éticas a serem consideradas. Com cada vez mais Testemunhas de Jeová aceitando produtos feitos à base de sangue, temos de nos interrogar como é que a Sociedade Torre de Vigia pode continuar a justificar uma política que efetivamente proíbe as Testemunhas de Jeová de doar sangue ou plasma sangüíneo. As exigências combinadas de um grupo de 6 milhões de pessoas sobre o suprimento de sangue deve ser enorme, mesmo que só estejam aceitando componentes ou frações.

A AJWRB (Testemunhas de Jeová Associadas Para Reforma na Questão do Sangue) utilizará vários meios para avisar a comunidade médica, a comunidade das Testemunhas de Jeová e o público em geral sobre estas mudanças e as suas implicações. Além disso, continuaremos a fazer avançar a nossa agenda de reforma para que todas as Testemunhas de Jeová possam escolher livremente o seu tratamento médico, sem controlo ou sanções por parte da Sociedade Torre de Vigia ou das congregações.

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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ascenção e queda da Galinha ao Molho Pardo - Cabidela

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No tempo em que vintém era dinheiro, o almoço do domingo em São Paulo era galinha de cabidela ou ao molho pardo, na qual os miúdos e as carnes são preparados com um molho à base do sangue da ave, acrescido de vinagre. A população da cidade também saboreava o prato nos casamentos e batizados, jamais em dias de luto, por ser comida de festa. Ainda não tinham chegado os imigrantes italianos, para revelar o segredo da verdadeira macarronada. O nome do prato viria dos "cabos", antiga designação portuguesa para as extremidades do animal, ou seja, a perna, a asa e o pescoço. Daí cabadela, cabedela ou cabidela, que igualmente pode ser feita com frango, pato, peru, porco, cabrito e caças. Alguns dicionários oferecem outra explicação. Dizem que a palavra se originou de kabed, nome em árabe do fígado, um dos ingredientes da receita. Nesse caso, ela teria ascendência levantina. Entretanto, deve ser coincidência fonética. Os árabes, como os judeus, estão proibidos pelas suas religiões de comer sangue.

Galinha de cabidela ou ao molho pardo ???

Herdamos a galinha de cabidela dos portugueses e a preparamos no Brasil há séculos. Mas onde surgiu a receita? Gilberto Freyre (1900-1987) aposta na origem estrangeira. "Outros quitutes com aparência de brasileiros são franceses e refletem o francesismo que desde o século 18 invadiu a cozinha portuguesa: a cabidela, por exemplo", escreveu ele na introdução de Açúcar (Global Editora, São Paulo, 2007). Pode-se discordar do mestre. Apesar de a cozinha francesa ter pratos assemelhados à galinha de cabidela - o poulet en barbouille, o canard au sang, o coq au fleurie e mesmo o coq au vin, em cujo molho Paul Bocuse adiciona sangue -, ela certamente precedeu ao "francesismo" introduzido na culinária portuguesa no reinado de d. Maria I (1734-1816), mãe de d. João VI, pelo cozinheiro Lucas Rigaud, vindo de Paris.

Informações históricas mostram que, em território lusitano, a receita é preparada pelo menos desde o século 16. Nos versos da peça Auto de Filodemo, Luiz Vaz de Camões (1524-1580) faz o personagem Vilardo dizer: "Das lágrimas caldo faço/ Do coração escudela/ Esses olhos são panela/ Que coze bofes e baço/ Com toda a mais cabadela."

Cozinhar com o sangue foi intuição de vários povos, considerado nutritivo e "fortificante". Isso sem falar no uso em embutidos - a morcilla da Espanha e o boudin noir da França, por exemplo. Portanto, foi invenção coletiva, sem autoria determinada. Em Portugal, são famosas as cabidelas de Trás-os-Montes e Alto Douro (galinha, frango ou peru), Entre Douro e Minho (miúdos), Alentejo (galinha e caça), Beira Litoral (leitão) e Beira Alta (arroz). Eça de Queiroz (1845-1900) cita a preparação nove vezes em seus livros, sendo três em O Crime do Padre Amaro, em cuja elaboração se destaca o Abade de Cortegaça, morador há três décadas na freguesia homônima. "Todo o clero das vizinhanças conhecia a sua cabidela de caça."

Segundo Maria de Lourdes Modesto, autora de Cozinha Tradicional Portuguesa (Editora Verbo, Lisboa/São Paulo, 1982), em certas povoações lusitanas se substitui o sangue por gemas de ovos, com gotas de limão. "Nesse caso, passa a chamar-se fricassé", explica.

No Brasil, faz-se cabidela em todo o País, sendo que nas regiões Sul e Sudeste é chamada de galinha ao molho pardo. Mas, nas cidades grandes, a receita vai desaparecendo. As autoridades sanitárias ordenam que a galinha seja abatida em frigorífico; os fiscais da saúde pública exigem que o sangue, quando posto à venda, seja certificado. O problema é que não se encontra o produto regulamentado. Fazer galinha de cabidela está virando ato clandestino.



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- Bom, eu não gosto... mas que o prato é bonito, isso é!!!

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Doação de sangue nos estádios agora é lei

Doação de sangue nos estádios agora é lei -: "Agora é lei. Com o objetivo de aumentar a coleta de sangue para o Hemorio, foi derrubado por unanimidade na noite de ontem, no plenário da Assembléia Legislativa, em discussão única, o veto ao projeto de lei de autoria do deputado Dionísio Lins (PP), que cria em caráter permanente a campanha institucional 'Doe Sangue Pelo Seu Time' nos estádios de futebol. Segundo a proposta, o serviço será realizado através de postos volantes que serão instalados pelo Hemorio, nos estádios localizados no estado do Rio de Janeiro nos dias de jogos.
Para o deputado, o objetivo é incentivar a doação: os voluntários que se apresentarem receberão em caráter promocional um ingresso cortesia para a arquibancada.
- Tinha certeza que o veto seria derrubado, já que hoje, conseguir doares, é um dos grandes desafios enfrentados pelo Hemorio, principalmente os tipos sanguíneos mais raros. Esta campanha dará aos torcedores dos grandes times um incentivo e uma forma de aproximação com a doação em dias de grandes jogos - disse ele. A lei determina ainda que a distribuição de ingressos cortesia, não poderá ultrapassar 10% do número disponível de bilhetes para venda daquele jogo"