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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Destinos E Decisões




Como águas profundas, são os propósitos do coração do homem e somente um sábio será capaz de descobri-los...
(provérbios 20:5) 



Filósofos têm argumentado por séculos (milênios, na verdade) se os nossos destinos são guiados por nossa própria vontade ou se são pré-determinados como resultado de uma cadeia contínua de eventos sobre os quais não temos controle... 


Sabemos, juntamente com Shakespeare, que nosso coração tem razões que a própria razão desconhece... e portanto existe um oculto muito além do nosso saber... muito além do pulsar do sangue... que impede a plenitude dos desejos... e faz inescrutável nosso julgamento...


Quem dera fosse simplificado pela quiromante em linhas visíveis... mas não... passamos ao impalpável até para nossas linhas palmares...

Por um lado, parece que tudo o que acontece tem algum tipo de explicação causal; por outro, quando tomamos decisões, parece-nos que temos o livre arbítrio que nos permitiria tomar decisões diferentes e trilhar outros caminhos.

Uma história atribuída ao Rabino Schachter fala sobre um discípulo que veio perguntar sobre como tomar decisões:



-Como atingir a sabedoria para tomar o melhor julgamento?

-Pelo bom senso, de bons julgamentos.
-E como é que se alcança o bom julgamento?
-Por meio de muita experiência.
-E como é que alguém atinge muita experiência?
-Por intermédio de maus julgamentos! 

O debate sobre o livre-arbítrio e o determinismo é um problema desse tipo.

O princípio central do determinismo é que tudo o que acontece é o resultado de algo que o fez acontecer, e esse algo foi provocado por um algo anterior e assim por uma cadeia infinita que remonta ao início dos tempos... ou até antes...

O conflito surge quando as pessoas se deparam com a necessidade de fazer uma escolha ou tomar uma decisão que resulta em tomar caminhos diferentes, todos eles caminhos igualmente possíveis... jornadas de vidas... Destinos...

Algo tem que ser abandonado!!!

Seja o nosso gosto pelo livre arbítrio, seja a ideia de que cada evento é completamente causado por eventos anteriores...

Para piorar (ou melhorar) minha consciência... eu que leciono e milito nas cátedras... também convivo com definições científicas de um futuro predeterminado e, ao mesmo tempo, inescrutável. A física indica que nosso futuro está escrito. Como disse Einstein em pessoa: "A distinção entre passado, presente e futuro é uma ilusão"...

De todas as formas, se "determinados" ou com "livre arbítrio", fomos presenteados com essa maravilhosa "máquina" de pensar: Nosso Cérebro. 
Com artérias, veias, neurônios, sinapses, pulsos elétricos e todo o sensacional meandro de interligação que o compõe... nos diferenciando de nossos "parentes" primatas... 
Este maravilhoso cérebro também nos auxilia a identificar que neste mundo tão confuso e cheio de opções, ocultas, veladas ou expostas, nós sempre poderemos fazer escolhas... Mesmo que elas já tenham sido feitas... Anteriormente... 



Senhor, tu me sondas e me conheces.
Sabes quando me sento e quando me levanto; de longe percebes os meus pensamentos.
Sabes muito bem quando trabalho e quando descanso; todos os meus caminhos te são bem conhecidos.
Antes mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces inteiramente, Senhor.
Tu me cercas, por trás e pela frente, e pões a tua mão sobre mim.
Tal conhecimento é maravilhoso demais e está além do meu alcance, é tão elevado que não o posso atingir.
Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença?
Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá estás.
Se eu subir com as asas da alvorada e morar na extremidade do mar,
mesmo ali a tua mão direita me guiará e me susterá.
Mesmo que eu dissesse que as trevas me encobrirão, e que a luz se tornará noite ao meu redor,
verei que nem as trevas são escuras para ti. A noite brilhará como o dia, pois para ti as trevas são luz.
Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe.
Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Disso tenho plena certeza.
Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra.
Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir.
Como são preciosos para mim os teus pensamentos, ó Deus! Como é grande a soma deles!
Se eu os contasse seriam mais do que os grãos de areia. Se terminasse de contá-los, eu ainda estaria contigo.
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações.
Vê se em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno.
(Salmo 139)


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